CONHECENDO PERNAMBUCO


O “Projeto Conhecendo Pernambuco”, coordenado pelo Prof. Luís Carlos Lins da Escola Monsenhor João Rodrigues de Carvalho e a Empresa de Viação Norte Sul, através do “Projeto Viagem Solidária”, empreenderam mais uma aula-passeio.

Desta vez o destino foi o Alto do Moura, localizado em Caruaru no agreste Pernambucano.

O Alto do Moura (Caruaru/PE) é considerado o maior Centro de Arte Figurativa das Américas ( segundo a UNESCO) e foi o ambiente de morada e de trabalho do Mestre Vitalino, que se vivo estivesse, estaria completando 100 anos.

Abaixo, algumas imagens ilustrativas da viagem, que foi considerada pelos alunos/as e professores presentes, um verdadeiro sucesso!
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A viagem contou com o apoio muito agradável e competente do Motorista da Empresa Norte Sul, Zé Mário
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Os estudantes do “2º A”, os Professores Luís Carlos, Elionais Alves, Akassi e Dayse Rufino, no ponto de partida da viagem
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Posando para foto com muita ansiedade antes da partida
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Professoras Akassi e e Dayse Rufino, em clima de festa
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Portal de entrada do Alto do Moura em Caruaru, cidade considerada a Capital do Agreste Pernambucano
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Casa onde morou o Mestre Vitalino, totalmente preservada e transformada em Museu
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Busto em homenagem ao Mestre Vitalino, que além de artesão, era um exímio tocador de pífano
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Os alunos/as da Escola Monsenhor fazem registro fotográfico do Museu Mestre Vitalino
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Olaria onde trabalhava o Artista Mestre Vitalino
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O senhor à esquerda de chapéu é o filho mais velho (74 anos) de Vitalino, Amaro Vitalino
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Trabalho artesanal feito em barro (reprodução do trabalho de Vitalino)
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O Alto do Moura é um grande pólo de arte feita em barro e que mobiliza muitas pessoas, herdeiras do Mestre Vitalino
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Área interior do Museu Mestre Vitalino com recepção de Severino Vitalino, filho e herdeiro do Mestre e em plena atividade


Vitalino de barro e luz Caruaru
Com fotos de Helder Ferrer e instalação de um casario, exposição celebra o centenário do ceramista
André Dib
andredib.pe@diariosassociados.com.br – Do Diário de PE

No próximo 10 de julho, Mestre Vitalino completa cem anos de nascimento. Uma das comemorações já começou e

Fotógrafo optou por privilegiar detalhes das peças que pertencem ao Museu do Homem do Nordeste e à coleção particular do senador Jarbas Vasconcelos. Foto: Helder Ferrer/Divulgação
se chama 100 Olhares de Vitalino, exposição fotográfica em cartaz em Caruaru, terra natal do ceramista. Os realizadores montaram uma estrutura que privilegia a imagem fotográfica e vai além ao reproduzir o ambiente das antigas moradias à base de taipa. Todo o barro usado pela exposição foi retirado do Ipojuca, rio onde Vitalino brincava quando criança e, anos depois, retirava a matéria-prima que deu forma à sua arte. A exposição segue até 10 de julho, na antiga Estação Ferroviária de Caruaru, hoje conhecida como Galpão das Artes.

Como o nome sugere, 100 Olhares de Vitalino apresenta uma centena de fotos produzidas por Helder Ferrer, dispostas nas fachadas de um casario cenográfico, como fossem portas e janelas iluminadas por trás (backlight). A força dessas imagens, literalmente sustentadas pelo barro, é amplificada por uma “instalação” formada por lamparinas e cercas de ripa. Tudo contribui para provocar uma experiência sensorial-afetiva incomum, até mesmo para os visitantes acostumados com esse tipo de paisagem. “As pessoas da região se encantam, e beliscam o barro para ver se é de verdade”, diz a idealizadora Lina Rosa, da Aliança Comunicação e Cultura. Desde que foi inaugurada, a exposição promovida pela Prefeitura de Caruaru precisou refazer o acabamento algumas vezes.

Frente aos inúmeros registros existentes do trabalho de Vitalino, Hélder Ferrer optou por retratar não somente os bonecos internacionalmente famosos, mas o universo em que eles foram produzidos: fornos de queima de barro, bandas de pífano e outros artesãos na lida com o barro. Os bonecos fotografados são do acervo do Museu do Homem do Nordeste e da coleção particular do senador Jarbas Vasconcelos. “Em vez de retratar peças inteiras, busquei os detalhes. Levei as peças para o estúdio, onde usei luz ‘dura’ e alguns planos desfocados. Isso gerou sombras de expressão que me surpreenderam”, explica Ferrer.

Rosa ainda explica que, para chegar ao conceito final, foi necessário fazer um levantamento da trajetória pessoal e profissional do mestre. “Queria fazer algo que não fosse baseado somente nas fotos, mas no diálogo com a arte de Vitalino, ou seja, entre o tradicional e o contemporâneo”.

Por isso, além de trazer um texto sobre Vitalino assinado por Joaquim Cardozo, a exposição convidou o músico Ortinho (que também é de Caruaru) para compor uma trilha sonora baseada em sons de pífano e depoimentos de “herdeiros” do artista popular, como Manoel Eudócio, Luis Antonio da Silva, Zé Galego, Elias Francisco e os familiares Maria e Severino Vitalino.

Serviço

100 Olhares de Vitalino
Onde: Galpão das Artes – Antiga Estação
Ferroviária – Rua Frei Caneca, s/n, Centro, Caruaru
Quando: Hoje, 28 e 29/06 e 10/07, das 17h à 0h; nos demais dias, das 18h às 23h. Até 10 de julho
Quanto: Entrada franca

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LUIZ GONZAGA


Não tem jeito não!

É chegar a época das “Festas Joaninas (juninas)” que vem na lembrança o arrasta-pé, a fogueira ( que em tempos de aquecimento global, precisamos rever), as comidas gostosas de milho, brincadeiras diversas, os fogos de artifício e muita musicalidade.

O Nordeste brasileiro é berço de “Monstros Sagrados” de ontem e de hoje, porém o velho Gonzagão é inesquecível e singular.

Em homenagem ao leitor – Luiz Gonzaga já é mais do que venerado -,publicamos aqui, uma pequena história da vida do homem que melhor cantou a “alma” do povo nordestino e deixamos um link – no final do artigo – para que vocês escutem as melhores e insuperáveis canções do Rei do Baião.

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Fonte: Fundação Joaquim Nabuco

Conhecido como o rei do baião, Luiz do Nascimento Gonzaga nasceu no dia 13 de dezembro de 1912, na fazenda Caiçara, município de Exu, localizado no sopé da Serra do Araripe, Pernambuco. Filho de Januário José dos Santos, sanfoneiro e consertador de instrumentos e Ana Batista de Jesus.
Passou toda a sua infância ao lado do pai, acompanhando-o desde os oito anos de idade aos bailes, onde o ajudava a tocar sanfona. Trabalhou também na roça, nas feiras e tomando conta de rebanhos de bode.

Em 1924, aos doze anos, comprou sua primeira sanfona, fole de oito baixos, da marca Veado e aos quinze já tinha adquirido prestígio na região como sanfoneiro.

Em 1930, por causa de uma paixão frustrada, desentendeu-se com a família e fugiu à pé até o Crato, no Ceará, alistando-se no Exército. Com a eclosão da Revolução de 30 viajou por todo o país com sua tropa. No Exército, ficou conhecido como o Corneteiro 122.

Quando recebeu baixa do serviço militar, em 1939, foi para o Rio de Janeiro, na época a capital da república e passou a cantar e se apresentar no Mangue, zona de prostituição da cidade, onde havia muitos cabarés e gafieiras.

Apresentou-se no programa de auditório de Ary Barroso, bastante popular na época, cantando música nordestina e conquistou a nota máxima, sendo depois contratado pela Rádio Nacional. Em 1941, gravou seu primeiro disco pela RCA.

Em 1945, nasceu o seu filho, Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior, o Gonzaguinha, e no mesmo ano ele inicia sua parceria com Humberto Teixeira.

Casou-se, em 1948, com a professora pernambucana Helena Cavalcanti que havia conhecido nos bastidores da Rádio Nacional.

Como Humberto Teixeira resolveu dedicar-se à carreira de deputado, Luiz Gonzaga encerrou sua parceria com ele, passando a compor com o médico pernambucano José de Souza Dantas, o Zédantas, seu outro grande parceiro. Com Humberto Teixeira, Zédantas e outros, compôs uma grande quantidade de baiões, toadas, xotes, polcas, mazurcas, valsas, deixando registrada na discografia brasileira mais de 600 músicas. Muitos desses discos podem ser encontrados no acervo da Coordenadoria de Fonoteca, do Centro de Documentação e Estudos da História Brasileira Rodrigo Mello Franco de Andrade, da Fundação Joaquim Nabuco.

Em 1980, cantou para o Papa João Paulo II, em Fortaleza, quando da sua visita ao Brasil. Nessa ocasião, retirou da cabeça o seu chapéu de cangaceiro, que se tornara sua marca registrada e colocou-o, respeitosamente, na cabeça do Papa que o abençoou e disse Obrigado, cantador!

Luiz Gonzaga tornou-se um símbolo cultural brasileiro: subiu em palanques de presidentes da República, animou jantares de reis e chegou, inclusive, a se apresentar no Olimpia de Paris, em 1986.

Morreu no dia 2 de agosto de 1989, às 15h15, no Hospital Santa Joana, no Recife, onde estava internado há 42 dias. Seu corpo foi velado na Assembléia Legislativa de Pernambuco e enterrado na capela do Parque Asa Branca, em Exu, sua cidade natal.

Entre suas composições mais conhecidas estão:

Asa Branca, Juazeiro, Assum preto, Cintura fina, A volta da asa branca, Boiadeiro, Paraíba, Respeita Januário, Olha pro céu, São João do carneirinho, São João na roça, O xote das meninas, ABC do sertão, Riacho do Navio, O cheiro da Carolina, Derramaro o gai, A feira de Caruaru, Dezessete e setecentos, A morte do vaqueiro, Ovo de codorna, Forró nº 1.

Quando ôiei a terra ardendo
Quá fogueira de São João
Eu perguntei, ai, pra Deus do céu, ai
Pruquê tamanha judiação

Qui braseiro, qui fornáia
Nem um pé de plantação
Pru falta d´água perdi meu gado
Morreu de sede meu alazão

Inté mesmo a Asa Branca
Bateu asas do sertão
Entonce eu disse, adeus Rosinha
Guarda contigo meu coração
Hoje longe muitas légua
Numa tristea solidão
Espero a chuva cair de novo
Pra mim vortá pro meu sertão

Quando o verde dos teus óio
Se apoiá na prantação
Eu te asseguro, num chore não, viu?
Que eu vortarei, viu, meu coração!

Asa Branca, toada de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, 1947

Fontes consultadas:
CÂMARA, Renato Phaelante da. Luiz Gonzaga e o cantar nordestino: memória. Recife: UFRPE, [199-]
FERRETTI, Mundicarmo Maria Rocha. Baião dos dois: Zédantas e Luiz Gonzaga. Recife: FJN, Ed. Massangana, 1988.
A VIDA e os 60 maiores sucessos do rei do baião Luiz Gonzaga. Recife: Coqueiro, [199-].

ESCUTE MÚSICAS DE LUIZ GONZAGA AQUI.

SITE INDÍGENA PARA CRIANÇAS


ISA lança site de povos indígenas para o público infanto-juvenil
[03/06/2009 16:59]

Destinado à pesquisa escolar, o novo site Povos Indígenas no Brasil (PIB) Mirim mostra a diversidade cultural desse povos de forma didática e em linguagem acessível. Uma das formas encontradas pela equipe do ISA para despertar o interesse das crianças foi a criação da Aldeia Virtual – jogo online com referências reais sobre diferentes etnias com o qual eles podem interagir e se sentir parte daquele ambiente.

Ilustração do jogo Aldeia Virtual criado especialmente para as crianças

indios
O site PIB Mirim entra no ar com conteúdo preparado especialmente para as crianças sobre as culturas dos povos indígenas no Brasil. Por meio de material destinado à pesquisa escolar, no qual temas centrais se desdobram em uma série de questões organizadas pela equipe do Instituto Socioambiental (ISA), e do espaço Aldeia Virtual – jogo online situado em uma aldeia circular no Cerrado brasileiro – pretende-se apresentar a diversidade de povos, romper com a idéia do “índio genérico” e despertar o interesse e o respeito das crianças às culturas indígenas existentes no Brasil. Tudo isso escrito em linguagem acessível para o público infanto-juvenil.

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PESQUISADORES INDÍGENAS SE REÚNEM NA UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA. LEIA MAIS…

CONHEÇA TAMBÉM O BLOG DA ARTICULAÇÃO DOS POVOS INDÍGENAS DO BRASIL. CLIQUE AQUI.

TEMPO PRESENTE: ATO PÚBLICO EM DEFESA DOS XUKURU


xukuru

ATO PÚBLICO

CAMPANHA CONTRA A CRIMINALIZAÇÃO DO POVO XUKURU

Como se não bastasse agora querem prender o Cacique Marcos e mais 35 Xukuru !

A história é a seguinte:

Em fevereiro de 2003, o cacique Marcos foi vítima de um atentado por parte de José Lourival Frazão (Louro Frazão), indígena Xukuru. Nesse atentado foram assassinados dois jovens Josenilson José dos Santos (Nilsinho) e José Adenilson Barbosa da Silva (Nilson), o cacique Marcos Xukuru, conseguiu escapar. Naquele dia, a comunidade, indignada com o crime, se voltou incontrolada, contra um grupo de famílias Xukuru ligadas ao assassino – todos aliados dos antigos invasores da terra indígena.

O Ministério Público Federal em Pernambuco, sem mais uma vez realizar uma análise crítica da investigação policial, denunciou 35 (trinta e cinco) pessoas pela prática de diversos crimes.

Após longa batalha judicial o cacique Marcos e quase todos os denunciados foram condenados pela 16ª. Vara da Justiça Federal em Caruaru/PE a penas que variam de 13 anos a 10 anos de reclusão, além de vultosas indenizações em dinheiro.

A investigação e o processo judicial sobre esse conflito foram questionados por antropólogos e pelo Movimento Nacional de Direitos Humanos. Os advogados de defesa dos Xukuru questionam o cerceamento de direito de defesa e o tamanho das penas, considerado exagerado. No caso da condenação do cacique Marcos Xukuru, a sentença foi publicada antes de se juntar ao processo os depoimentos de importantes testemunhas de defesa: o deputado federal Fernando Ferro e a Sub-procuradora Geral da República Raquel Dodge

Agora querem prender a vitima! Está claro, portanto, que essa é mais uma expressão do processo de criminalização que o povo enfrenta há mais de uma década, por causa da reconquista da terra.

Em protesto os Xukuru e seus aliados convidam a todos para participar de um grande ato público!

Local da concentração: Câmara de Vereadores do Recife (PR Pça 13 de Maio)
Destino: TRF 5ª Região (Cais do Apolo)
Data: 05 de junho (sexta-feira) Hora: 14 horas

PEQUENA HISTÓRIA DAS FESTAS JUNINAS


festas
Nasceram com a fogueira, as celebrações da colheita. Portugueses juntaram-se a índios e africanos, e as festas viraram coisa nossa, as festas “joaninas”.

Texto: Ronaldo Evangelista
Produção e Fotos: Laura Huzak Andreato

Das comemorações brasileiras, as festas juninas estão entre as mais antigas e mais recheadas de histórias. Em nosso País, figuram ao lado do Natal e do Carnaval em popularidade. Ressaltemos seu caráter tão festivo, a animação e a quantidade de costumes e rituais. Fogueiras, bandeiras, danças, fogos de artifício, comidas, quermesses, pau-de-sebo, correio elegante, casamento caipira, balões, quentão, mil superstições.

De onde vêm tantas tradições? Por que dançamos quadrilha? Por que passamos a noite ao redor do fogo? Como tudo na história de nosso País, as festas juninas misturam rituais que se perdem nos confins da história, assimilados e adaptados ao jeito brasileiro.

Cai, cai, balão!
Você não deve subir
Quem sobe muito
Cai depressa sem sentir.
Cai, Cai, Balão (Assis Valente, 1956).

“Essas canções são diabólicas!”

O folclorista Gustavo Barroso (1888-1959), em O Sertão e o Mundo, escreve que a comemoração a que tradicionalmente chamamos festa de São João não é brasileira e muito menos católica. Ela é tudo o que há de mais profundamente humano e de mais visceralmente pagão. Velha como o mundo, se tem transformado ao sabor de cada meio e ao gosto de cada povo.

As milenares festas remontam a tempos bem anteriores à rememoração católica dos santos a cada dia de cada mês. Fontes apontam como provável origem dos festejos a celebração dos solstícios de verão, na França, em meados do século 12.

Gustavo Barroso, no livro citado, defende que devemos levar em consideração também as mais antigas festas em louvor de Agni, deus hindu do fogo (segundo o dicionário Houaiss, Agni é o fenômeno e a divindade do fogo, na mitologia védica).

A festa de São João é a festa de Agni, do fogo, a festa que comemora o solstício do verão, escreve Barroso. Lembra que, no século 7, antes de a Igreja popularizar o lado cristão das comemorações juninas, Santo Elói, em plena Idade Média, condenava aquelas festas “pagãs”:

“Não vos reunais”, dizia ele, numa encíclica aos diocesanos, na época dos solstícios. “Nenhum de vós deve dançar, ou pular em torno do fogo, nenhum de vós deve cantar no dia de São João. Porque essas canções são diabólicas!”

No Brasil, trazidas pelos portugueses com seus costumes europeus, as festas ganham ares de regozijo igualmente pelo período das colheitas, início do ano agrícola. O solstício de verão deles se torna o nosso solstício de inverno. A isso, somam-se aos poucos o sentido religioso introduzido pelo cristianismo, os costumes dos indígenas e os dos escravos africanos.

Assim, as festas juninas constituem produto único e nacionalíssimo, resultado de toda essa mistura de influências.

Capelinha de melão
É de São João
É de cravo, é de rosa
É de manjericão
São João está dormindo
Não me ouve, não
Acordai, acordai
Acordai, João.
Capelinha de Melão (domínio público).

Um mês (ou mais) de festa para três santos

Dizemos “as festas”, no plural. Concentram-se em três dias dedicados a santos cristãos: Antônio (13), João (24), o mais festejado -o povo até diz “festas joaninas”-, e Pedro (29). Mas em certas regiões a festa vara o mês e entra pelo começo de julho.

Antônio

Casamenteiro e encontrador de coisas perdidas

Santo Antônio é conhecido principalmente pela fama de casamenteiro. Na véspera do dia 13, instituiu-se entre nós o Dia dos Namorados, o que reforça a simbolização do santo como cupido. São comuns as simpatias feitas por fiéis em busca de um amor.

Também se atribui a Santo Antônio a fama de encontrador de coisas perdidas – tarefa que divide com São Longuinho. Mas, enquanto Longuinho ganha três pulinhos, Antônio sofre: sua imagem fica de cabeça para baixo até atender ao pedido.
Santo da fartura. Todo 13 de junho, fiéis vão à igreja receber o pãozinho de Santo Antônio. Dispõem o pão bento e sagrado junto das comidas para não faltar nada em casa.

Chamado às vezes de Antônio de Lisboa ou Antônio de Pádua, nasceu em Lisboa, em 1195, e morreu em Pádua, Itália, aos 35 anos. Português, o culto foi introduzido com força pela colonização.

Eu pedi numa oração
Ao querido São João
Que me desse matrimônio
São João disse que não
São João disse que não
Isso é lá com Santo Antônio.
Isso É Lá com Santo Antônio (Lamartine Babo, 1934).

João

Fogueira anuncia o nascimento do primo de Cristo

João Batista, historicamente, é um dos santos mais próximos de Cristo – inclusive parente de sangue: sua mãe, Isabel, era prima de Maria, a Nossa Senhora, e estavam grávidas ao mesmo tempo.

Em Didática do Folclore, Corina Maria Peixoto Ruiz conta a história, segundo a qual Isabel visita Maria e conta que também daria à luz em breve. As duas combinam: Isabel, assim que seu filho chegasse ao mundo, acenderia fogueira bem grande para que Maria ficasse sabendo e fosse visitar o recém-nascido.

João pregava, como Cristo, e sempre reconheceu o primo como o Messias, divulgava Sua vinda. Adultos, João batizou humildemente Jesus no Rio Jordão. Daí ter no nome o Batista (do grego, através do latim, “aquele que batiza”).

Foi numa noite igual a esta
Que tu me deste teu coração
O céu estava assim em festa
Pois era noite de São João
Havia balões no ar
Xote e baião no salão
E no terreiro o seu olhar
que incendiou meu coração.
Olha pro Céu (Luiz Gonzaga e José Fernandes, 1951).

Pedro

“Farei de ti um pescador de homens.”

Pedro, o pescador, tem especial importância para a religião cristã: um dos fundadores da Igreja Católica, é considerado o primeiro papa. Foi um dos 12 apóstolos escolhidos pessoalmente pelo Cristo para criar sua Igreja:
“Segue-Me e farei de ti um pescador de homens”, é a famosa frase do Filho de Deus.

A presença de São Pedro é repetidamente afirmada ao longo do Livro Sagrado. Segundo a história, morreu também crucificado. Mas pediu para que o pusessem de ponta-cabeça: declarou-se indigno de morrer da mesma maneira que Jesus Cristo.

Vibram nossas almas

Gustavo Barroso escreve: No nosso interior, essa comemoração assume aspectos maiores e muito mais interessantes. Ela recorda todo o nosso passado de costumes singelos e profundamente nacionais. Nela vibram todas as almas rudes dos nossos matutos.

Foram muitos os costumes que viraram coisas novas, coisas nossas. Como fazemos com tudo que nos aparece, pegamos as tradições e os rituais e os recheamos de novos sentidos, relevantes à nossa
realidade. Talvez os dois principais e mais conhecidos ritos das festas juninas sejam a fogueira de São João e a dança da quadrilha.

O balão vai subindo
Vem caindo a garoa
O céu é tão lindo
E a noite é tão boa
São João! São João!
Acende a fogueira
No meu coração
Sonho de Papel (Alberto Ribeiro e João de Barro, 1935).

Com a filha de João
Antônio ia se casar
Mas Pedro fugiu com a noiva
Na hora de ir pro altar.
Pedro, Antônio e João (Benedito Lacerda e Oswaldo Santiago, 1939).

Saruê! Anavã! Anarriê!

No Dicionário de Folclore, de Mário Souto Maior e Rúbia Lóssio, lemos que a quadrilha é dança palaciana francesa do século XIX que se popularizou no Brasil depois que os mestres da orquestra Millet e Cavalier trouxeram-na para o Rio de Janeiro, onde causaram muito sucesso.

E Maria Amália Corrêa Giffoni, em Danças Folclóricas e Suas Aplicações Educativas, diz que a quadrilha surgiu em Paris, no século XVIII e é derivada da contredanse française, que por sua vez é uma adaptação da country danse, inglesa, introduzida na França. No Brasil, acrescenta, esta dança ultrapassou os salões e a sua difusão foi tamanha que deu origem a outras danças no mesmo estilo, como a quadrilha caipira. Quanto à sua música, os compositores brasileiros deram-lhe colorido nacional.

As quadrilhas francesas se abrasileiraram. Os comandos do animador do baile ganharam muito charme. Soirée (reunião social noturna, ordem para todos se juntarem no centro do salão) virou “saruê”; en arrière (para trás) virou “anarriê”; en avant (para frente) virou “anavã”.

Cerimônia ancestral: atear fogo à lenha

Há muitas explicações para a indispensável fogueira. Dançar em torno do fogo é ritual antiqüíssimo, quem sabe tão antigo quanto a própria descoberta do fogo. A fogueira atual é uma soma de várias histórias e já ganhou um sentido só seu, adaptado aos nossos rituais. Comemoração da chegada do solstício, do ano agrícola, do nascimento de São João, revivificação, tudo já faz parte do folclore brasileiro.

O historiador e pesquisador Alceu Maynard Araújo (1913-1974), no livro Folclore Nacional, conta que a fogueira é em geral acesa logo que o Sol se põe. Sempre antes da meia-noite. Em geral quem acende é o dono da festa, ou melhor, o dono da casa. Nos lugares onde há abundância de lenha é costume fazê-la a mais alta possível, pois tal dará prestígio a quem a armou.

(© Almanaque Brasil de Cultura Popular)

AS FESTA JUNINAS NASCERAM NO ANTIGO EGITO (SAIBA MAIS CLICANDO AQUI)


FONTE: NORDESTE WEB

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