Um dos assuntos mais falados nos últimos dias é o desdobramento da reforma tributária, tão aguardada pela população. Do mesmo modo, falar sobre impostos no Brasil (e no mundo) é algo bem delicado.
Nós brasileiros temos a grande impressão de que pagamos a mais alta carga tributária do mundo, e cobramos por não ver resultados nas ações do governo.
Mas será que é isso mesmo? O Brasil tem uma das maiores cargas tributárias do mundo?
Portanto, esse post vai responder essa questão tão delicada. Vem comigo que eu vou te explicar pra que servem os impostos e fazer uma lista com os 10 países com mais impostos.
PARA QUE SERVEM OS IMPOSTOS?
Antes de mais nada, vamos começar lá do princípio. A grande questão.
Para que nós pagamos impostos?
A princípio, para explicar de uma maneira mais simples, podemos dizer que nós, como sociedade, nos organizamos em grande parte como uma democracia. No modelo democrático brasileiro, nós possuímos 3 poderes:
Você já deve ter ouvido falar sobre cada um deles, e não cabe a nós nesse post entrar nesse assunto. O ponto é, esses três poderes se reúnem para “gerenciar” a sociedade como um todo.
É o que chamamos de Estado.
Pois bem, o Estado tem a função de organizar a sociedade. Seja nas suas relações interpessoais, trabalhistas ou econômicas.
Desse modo, fica sob responsabilidade dele providenciar serviços básicos para a sociedade. Os principais são saúde, segurança e educação.
Assim, para que o governo ofereça todos esses serviços, toda a sociedade tem que contribuir com o dinheiro que ganha para a máquina continuar funcionando. Isso nós chamamos de imposto, que pagamos para que o governo tenha sua”renda”.
Note que não falei sobre a origem do imposto na sociedade, mas apenas dei um exemplo prático de como a sociedade funciona e pra que serve o imposto.
Dessa forma, essa renda auferida pelo governo por meio dos impostos é que vai definir o orçamento público. Ou seja, quanto que o governo vai poder gastar para se manter e para oferecer os serviços básicos (incluindo outros serviços e transferências).
Essa é a renda do governo, e subtraída dos seus gastos, teremos o resultado no final do período. Déficit caso o governo gaste mais do que arrecada ou superávit, caso o governo gaste menos no que arrecada.
QUAIS AS MAIORES CARGAS TRIBUTÁRIAS DO MUNDO?
Cada país em sua própria carga tributária, ou seja, tem o nível de impostos que cobra de sua população.
Como as condições econômicas de cada um são diferentes, cobrar menos impostos não é necessariamente melhor. O mesmo acontece com o contrário, cobrar mais impostos.
Vamos então à lista dos países com as maiores cargas tributárias do mundo:
1°- DINAMARCA
A Dinamarca é um país escandinavo, que se encontra no norte da Europa, constituído por uma península e diversas ilhas ao redor. É terra natal dos Vikings, assim como a Noruega e a Suécia.
A carga tributária do país representa cerca de 45% do PIB do país.
Da mesma forma, pelo fato do país apresentar ótimos índices de igualdade e qualidade de vida, a população não acha que os impostos cobrados são abusivos.
2°- FINLÂNDIA
Em segundo lugar na lista, outro país de origens escandinavas, e que também foi habitado por Vikings. O país fica no norte da Europa, um pouco mais próximo do Reino Unido.
Da mesma forma, a Finlândia mesmo que apresentando uma alta carga tributária (44% do PIB), não causa descontentamento em sua população, pelo fato de possuir altos índices de igualdade socieconômicas.
3°- BÉLGICA
A Bélgica é um país que fica no oeste da Europa, e é muito conhecido por suas torres medievais, arquitetura renascentista e pela sede da União Europeia.
A carga tributária do país corresponde a 43,2% do PIB.
4°- FRANÇA
A França, também muito conhecida por sua culinária e pelo seu principal ponto turístico, a Torre Eiffel.
Além de ser um dois maiores países Europeus, possui uma das maiores cargas tributárias do mundo, que corresponde a 43% do Produto Interno Bruto do país.
Dessa forma, muito dos tributos incidem no país sobre grandes fortunas, o que desencadeia um processo de “fuga” de capitais para o mercado imobiliário de Portugal.
5°- ITÁLIA
A Itália, conhecida como a “bota” no sul da Europa, no mar mediterrâneo, também famosa por suas massas e pelo vaticano.
A carga tributária do país corresponde a 42,6% do PIB do país.
MAIS ADIANTE NA LISTA…
6°- SUÉCIA: 48,8%
7° – ÁUSTRIA: 42,5%
8°- NORUEGA: 40,8%
9°- LUXEMBURGO: 39,3%
10°- HUNGRIA: 38,9%
ONDE ENTRA O BRASIL NESSA HISTÓRIA?
O Brasil se encontra no 14° lugar dessa lista, com uma carga tributária que representa 35,4% do Produto Interno Bruto.
Dessa forma, mesmo fora do Top 10, o Brasil apresenta uma alta carga tributária. A segunda maior da América Latina, atrás apenas de Cuba.
Um dos grandes problemas da alta carga tributária no país é a forma como ela é cobrada, incidindo em grande parte sobre o consumo (prejudicando os mais pobres). Além disso, problemas como a alta quantidade de impostos causam um encarecimento das atividades empresariais.
Esses são alguns dos principais argumentos a favor da Reforma Tributária, além do fato de que a população não vê retorno na grande quantidade de impostos que paga.
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Restos mortais de 215 crianças são achados enterrados perto de escola no Canadá
Crianças, em sua maioria indígenas, foram separadas das famílias e forçadas a frequentar escolas residenciais no país; instituição foi fechada nos anos 1970
Foto: Andrew Snucins/The Canadian Press/AP
Uma horrível descoberta que levou décadas, e para alguns sobreviventes da Kamloops Indian Residential School, no Canadá, a confirmação de que crianças de apenas 3 anos foram enterradas nas dependências da escola somatiza com a tristeza que carregaram por toda a vida.
“Eu perdi meu coração, foi muito doloroso finalmente ouvir o que presumimos que estava acontecendo lá”, disse Harvey McLeod, que frequentou a escola por dois anos no final dos anos 1960, em uma entrevista por telefone para a CNN, nesta sexta-feira (28).https://d-14036818781753651931.ampproject.net/2105150310000/frame.html
“A história é tão irreal, e ontem se tornou real para muitos de nós nesta comunidade”, disse ele.
A comunidade Tk’emlúps te Secwépemc no interior sul da Colúmbia Britânica, onde a escola estava localizada, divulgou um comunicado na quinta-feira (27) dizendo que uma “perda impensável foi anunciada, mas nunca fora documentada”.
“No fim de semana passada, com a ajuda de um especialista em radar de penetração no solo, a verdade nua e crua das descobertas preliminares veio à tona – a confirmação dos restos mortais de 215 crianças que eram alunos da Escola Residencial Indígena Kamloops”, disse a chefe Rosanne Casimir, da comunidade Tk’emlúps te Secwépemc.
“Pelo que sabemos, essas crianças desaparecidas tiveram mortes não registradas”, disse ela no comunicado.
Por décadas, McLeod disse que ele e ex-alunos se perguntavam o que teria acontecido com amigos e colegas de classe.
“Às vezes as pessoas não voltavam, ficávamos felizes por eles, pensávamos que haviam fugido, sem saber se o fizeram ou o que quer que lhes tenha acontecido”, disse McLeod.
“Haviam discussões que isso pode ter acontecido, que eles poderiam ter morrido”, afirmou ele, acrescentando: “O que eu percebi ontem foi o quão forte eu era, quando menino, o quão forte eu era para estar aqui hoje, porque eu sei que muitas pessoas não foram para casa”
A escola Kamloops Indian Residential foi uma das maiores do Canadá e funcionou do final do século 19 ao final da década de 1970. Foi aberta e administrado pela Igreja Católica até que o governo federal o assumiu no final dos anos 1960.
A instituição fechou permanentemente cerca de uma década depois, e agora abriga um museu e uma instalação comunitária com eventos culturais e memoriais.
Líderes comunitários dizem que a investigação continuará em conjunto com o Gabinete Legista da Colúmbia Britânica e que a comunidade e os funcionários do governo garantirão que os restos mortais sejam protegidos e identificados. A legista-chefe Lisa Lapointe emitiu um comunicado dizendo que seu escritório está no início do processo de coleta de informações.
“Reconhecemos a devastadora, trágica e dolorosa história que o sistema de escolas residenciais canadenses causou a tantos, e nossos pensamentos estão com todos aqueles que estão de luto hoje”, disse ela.
Em 2015, a Comissão de Verdade e Reconciliação do Canadá divulgou um relatório detalhando o legado prejudicial do sistema escolar residencial do país. Milhares de crianças, em sua maioria indígenas, foram separadas de suas famílias e forçadas a frequentar escolas residenciais.
O relatório detalhou décadas de abusos físicos, sexuais e emocionais sofridos por crianças em instituições governamentais e eclesiásticas.
‘Capítulo horrível na história canadense’
“As notícias que restaram foram encontradas na antiga escola residencial Kamloops, partem meu coração – é uma dolorosa lembrança daquele capítulo sombrio e vergonhoso da história de nosso país. Meus pensamentos estão com todos os afetados por esta notícia angustiante. Estamos aqui para ajudá-los”, tuitou o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, nesta sexta-feira.
Em uma entrevista à CNN, Carolyn Bennett, ministra canadense das Relações Coroa-Indígenas, disse que essa revelação fala a todos os canadenses sobre uma “verdade muito dolorosa” e um “capítulo horrível da história canadense”.
“Esta foi a razão pela qual cinco dos apelos à ação da Comissão de Verdade e Reconciliação queriam que lidássemos com as crianças desaparecidas e as sepulturas não marcadas, porque eles sabiam que havia muito mais do que eles puderam averiguar nas audiências,” disse Bennett.
A comissão recomendou 94 apelos à ação. Grupos de direitos indígenas afirmam que poucos deles foram implementados, incluindo a necessidade de saúde e igualdade educacional entre crianças indígenas e não indígenas.
Em 2019, Trudeau disse que ele e seu governo aceitaram que o dano causado aos povos indígenas no Canadá equivalia a genocídio, dizendo na época que o governo avançaria para “acabar com esta tragédia em curso”.
McLeod diz que o sistema de escolas residenciais marcou gerações em sua família e os abusos que ele sofreu na escola em Kamloops o aterrorizaram, sua família e seus colegas de classe.
“O abuso que me aconteceu foi físico, sim, foi sexual, sim, e em 1966 eu era uma pessoa que não queria mais viver, isso me mudou”, disse McLeod, comparando o trauma que sofreu ao de um prisioneiro de guerra.
Ele diz que entrou na escola em 1966, com a maioria de seus irmãos. “Sete de nós fomos ao mesmo tempo, a mesma escola que minha mãe e meu pai frequentaram, não havia opção, era uma exigência, era a lei. E eu só posso imaginar o que minha mãe e meu pai, como eles se sentiram, quando deixaram alguns de nós lá sabendo o que eles vivenciaram naquela escola”, disse.
Como foi documentado pela Comissão de Verdade e Reconciliação, muitas das crianças em escolas residenciais não receberam cuidados médicos adequados, com algumas morrendo prematuramente de doenças como tuberculose.
A comissão estima que mais de 4.000 crianças morreram enquanto frequentavam escolas residenciais durante um período de várias décadas, mas o relatório final da comissão reconhece que era impossível saber o número verdadeiro.
McLeod diz que a descoberta desta semana em sua antiga escola já ajudou os membros da comunidade que ele conhece a discutir o abuso que sofreram e o trauma intergeracional que isso causou.
Ele diz que gostaria de se dedicar à cura e agora quer evitar apontar dedos ou culpar.
“Eu perdoei, perdoei meus pais, perdoei meus abusadores, quebrei a corrente que me prendia naquela escola, não quero mais morar lá. Mas, quero me certificar que as pessoas que não voltaram para casa serão reconhecidas e respeitadas”, finalizou.