AFEGANISTÃO: O CEMITÉRIO DE IMPÉRIOS


Afeganistão: a história de um país em ponto estratégico apelidado de ‘cemitério de impérios’

16 agosto 2021

Sem saída para o oceano e caracterizado por regiões montanhosas, o Afeganistão é um país historicamente importante nas rotas comerciais e disputas políticas da Ásia. 

Vizinho de países com poderio nuclear como o Paquistão e a China, a importância da geopolítica do Afeganistão é fácil de ser avaliada. O país também faz fronteira com o Irã, Turcomenistão, Uzbequistão e Tajiquistão. 

O terreno montanhoso do Afeganistão tem facilitado a operação de grupos guerrilheiros e dificultado a ação de tropas invasoras.

Frequentemente descrito como um país de grande beleza natural, o Afeganistão vem sendo ao longo dos anos palco de conflitos étnicos, disputas religiosas e divisões tribais que para muitos têm mantido grande parte da população em uma realidade descrita como medieval.

O país está no centro de disputas geopolíticas há anos, culminando com a invasão pelos soviéticos em dezembro de 1979 a pretexto de combater os guerrilheiros islâmicos que ameaçavam levar às repúblicas soviéticas sua luta santa em nome do Islã.

Fim do Talvez também te interesse

Na história recente, o Afeganistão sofreu tanta instabilidade e viveu tantos conflitos armados que sua economia e infraestrutura ficaram em ruínas – e grande parte de sua população tornou-se refugiada. 

Em 1996, após anos de guerra civil, o grupo fundamentalista sunita Talebã tomou o controle da capital, Cabul, e impôs um regime extremista no país. 

O Talebã foi derrubado por forças americanas, que invadiram o país em 2001 após os ataques da Al-Qaeda nos Estados Unidos. Os americanos alegavam que o Talebã dava apoio e abrigo a Osama Bin Laden, líder da Al-Qaeda e mentor dos ataques à torres gêmeas do World Trade Centre em Nova York.

O governo instalado em seguida, reconhecido internacionalmente e com uma nova Constituição adotada em 2004, teve muitas dificuldades em estender sua autoridade além de Cabul e forjar uma união nacional.

Em agosto de 2021, os Estados Unidos, Reino Unido e outras nações que formavam a aliança militar que garantia a segurança no país, anunciaram a retirada de suas tropas do Afeganistão. 

Imediatamente após a saída dos militares estrangeiros, o Talebã voltou a tomar controle de importantes cidades. 

O grupo armado avançou rapidamente e no domingo, 15 de agosto, tomou a capital Cabul depois que o então presidente Ashraf Ghani abandonou o governo e fugiu rumo ao Tajiquistão. 

Cenas caóticas se seguiram ao anúncio da volta do Talebã ao poder. Milhares de afegãos se espremeram no aeroporto internacional de Cabul tentando embarcar num avião qualquer para fugir do país.

Depoimentos de diversas mulheres demonstravam preocupação com o retorno do Talebã. Notoriamente, o grupo defende a implantação rigorosa da lei islâmica conhecida por sharia que limita o acesso das mulheres à educação e impõe costumes sociais extremos, como por exemplo, o uso da famosa burca, vestimenta que cobre completamente o corpo das mulheres, apenas com uma tela à altura dos olhos para permitir a visão.

A vida sob o Talebã na década de 1990 forçou as mulheres a usar a vestimenta. Os islamistas radicais restringiram a educação para meninas com mais de 10 anos e punições brutais foram impostas, incluindo execuções públicas.

Militantes do grupo afirmaram à BBC que estão determinados a reimpor sua versão da sharia, a lei islâmica, que inclui apedrejamento por adultério, amputação de membros por roubo e proibição de meninas com mais de 12 anos de ir à escola.

Mas um porta-voz do Talebã prometeu que os militantes respeitarão os direitos das mulheres e da imprensa.

Ele disse que as mulheres poderão sair de casa sozinhas e continuarão a ter acesso à educação e ao trabalho.

O porta-voz acrescentou que, num eventual governo Talebã, haveria liberdade de imprensa, mas não se permitiria “assassinato de caráter”.

Novamente, o Afeganistão, país de fundamental importância na geopolítica global, voltava ao noticiário internacional, em mais uma reviravolta de poder. 

O mundo assistiu com perplexidade o desespero de milhares de afegãos amedrontados com a volta do Talebã, temendo que o país mergulhe em um novo retrocesso social e em um caos econômico. 

Ocupação ocidental

A partir de 2001, as tropas de combate estrangeiras da Otan (aliança militar do Atlântico Norte)passaram a ser responsáveis por manter a segurança dentro do território afegão. Em dezembro de 2014, no entanto, a missão militar da Otan foi encerrada, o que foi seguido de um aumento das ações militares do Talebã .

O islã, além de ser a religião dos afegãos, é a base para a cultura e os costumes do país. A maioria da população é sunita (cerca de 85%), e a pequena parcela restante segue a versão xiita do islã (cerca de 15%). A sociedade afegã valoriza muito conceitos como honra ou vergonha e considera a família uma referência essencial.

O Afeganistão tem uma história rica no mundo das artes, incluindo a literatura e a arquitetura, mas as atividades culturais sofreram muito com as guerras internas e o avanço do fundamentalismo islâmico.

FATOS

LÍDER (deposto em agosto de 2021 pelo avanço do Talebã)

Presidente: Ashraf Ghani

Abdullah Abdullah e Ashraf Ghani
Legenda da foto, O presidente Ashraf Ghani (dir) formou um governo com seu antigo rival Abdullah Abdullah

Eleito presidente pela primeira vez em 2014 e reeleito em 2019, Ashraf Ghani liderou um governo de unidade com o ex-rival – em seu governo, executivo-chefe – Abdullah Abdullah. Ghani substituiu Hamid Karzai, que liderou o governo central durante 12 anos após a derrubada do Talebã, em 2001.

Integrante da maioria pashto, Ghani é um ex-tecnocrata que passou grande parte de sua carreira fora do Afeganistão – trabalhando tanto como um acadêmico nos Estados Unidos como para o Banco Mundial. 

No início de seu governo ele introduziu algumas medidas de combate à corrupção, mas sem grandes sucessos.

Com a retirada das tropas da aliança militar que garantia segurança ao seu governo, Ghani viu o rápido avanço do Talebã no território afegão Sem encontrar resistência, o grupo dominou importantes cidades no país e se aproximou da capital Cabul em velocidade impressionante.

Temendo retaliações, Ashraf Ghani abandonou o palácio presidencial e segundo relatos, procurou refúgio no vizinho Tajiquistão.

MÍDIA

A maioria dos veículos de mídia afegãos é privada, e o mercado de radiodifusão é bastante competitivo. 

Há dezenas de canais de televisão e mais de 170 estações de rádio FM. O grupo Moby opera algumas das principais estações de TV, incluindo a popular Tolo TV. 

Grande parte do conteúdo das TVs privadas consiste em programas de música turca ou indiana e séries, numa programação inspirada nos formatos ocidentais.

O Serviço Mundial da BBC está disponível em FM nas principais cidades e em ondas curtas por todo o país. Há transmissões esporádicas de rádios em FM operadas pelo Taliban e pelo grupo Estado Islâmico.

Centenas de jornais e revistas, de diferentes donos, são publicados no país. O jornal mais popular é o Hasht-e Sobh, de propriedade privada. 

A imprensa escrita tende a refletir mais abertamente sobre acontecimentos internos do Afeganistão do que as redes de rádio ou TV.

Mídia afegã
Legenda da foto, O mercado de radiodifusão afegão é muito competitivo, com dezenas de canais de televisão

Entidades internacionais de defesa da liberdade de imprensa descrevem um quadro bastante negativo do Afeganistão. 

Em 2019, a organização Repórteres Sem Fronteiras disse que “a guerra imposta pelo Talebã e pelo Estado Islâmico e os constantes abusos de senhores de guerra e oficiais corruptos constituem uma ameaça permanente a jornalistas, à mídia e à liberdade de imprensa.”

Segundo a Freedom House, autoridades de alto escalão “frequentemente questionam a validade de histórias críticas ao governo e tentam desacreditar jornalistas”.

Leis proíbem material que seja considerado contra a lei islâmica, e algumas estações privadas já irritaram conservadores religiosos. 

Estações de TV se auto-censuram e com frequência digitalizam imagens de mulheres, de forma a cobrir em parte sua aparência.

No final de 2018, havia 6,5 milhões de usuários de internet no Afeganistão, representando 17,6% da população (dados do InternetWorldStats.com). 

O Facebook é usado por parte dos jovens e da elite política afegã. O acesso limitado e caro à internet, porém, funciona como um limitador ao uso das mídias sociais.

RELAÇÕES COM O BRASIL

Diferentemente de outros países ocidentais, cujas relações com o Afeganistão são marcadas pelo setor de segurança e militar, o Brasil tem com o país asiático contatos em outras áreas. 

O principal setor que liga as duas nações é a agricultura, com ações de cooperação realizadas no âmbito do Acordo Básico de Cooperação Técnica (ACT), de 2006.

Segundo o Ministério das Relações Exteriores brasileiro, há “potencial” para cooperações em várias outras áreas, como “energias renováveis, mineração, educação, tecnologia eleitoral e políticas sociais”. 

O comércio entre os dois países não chega a ser particularmente significativo, atingindo US$ 17,41 milhões em 2018 – sendo quase todo o valor em exportações brasileiras. A balança comercial em 2020 foi favorável ao Brasil com um superávit de mais de US$ 37 milhões (importações de apenas US$ 200 mil contra exportações de US$ 37,6 milhões). 

Os números refletem um comércio limitado sendo que os principais produtos exportados pelo Brasil são carne de frango, milho e café.

Em relação ao conflito interno afegão, a posição brasileira é de que o país “acompanha atentamente a situação no Afeganistão e apoia os esforços da comunidade internacional em prol da reconciliação nacional e da reconstrução do país”. 

Até a publicação deste artigo não houve manifestação do governo brasileiro em relação à retomada do poder pelo Talebã.

LINHA DO TEMPO

Datas importantes na história do Afeganistão:

Antiguidade – O território atual do Afeganistão foi dominado por diferentes povos e impérios, como a Babilônia e o macedônio Alexandre, o Grande.

Século 7 – Primeiras invasões árabes, aos poucos levando o islã à região.

1838-42 – Forças britânicas invadem o Afeganistão e colocam no poder o rei Shah Shujah – que é assassinado em 1842. Tropas britânicas e indianas são massacradas enquanto se retiravam de Cabul.

1878-80 – Segunda guerra anglo-afegã. Um tratado dá ao Reino Unido o controle sobre as relações exteriores do Afeganistão.

1919 – O emir Amanullah Khan declara independência da influência britânica.

1926-29 – Amanullah tenta introduzir reformas sociais, que provocam protestos e o levam a fugir do país.

1933 – Zahir Shah torna-se rei, iniciando um período em que o Afeganistão permanece uma monarquia por quatro décadas.

1953 – General Mohammed Daud torna-se primeiro-ministro e procura a União Soviética para assistência militar e econômica. Daud introduz reformas sociais, incluindo a abolição do purdah, a prática de isolar mulheres.

Mohammad Najibullah
Legenda da foto, Mohammad Najibullah (centro) assumiu o governo apoiado por Moscou em 1986

1963 – Daud é forçado a renunciar ao cargo de premiê.

1964 – Introdução da monarquia constitucional, o que leva à polarização política uma disputa pelo poder.

1973 – Mohammed Daud toma o poder num golpe de Estado e declara a transformação do Afeganistão numa república. Daud tenta jogar a URSS contra potências ocidentais.

1978 – Daud é derrubado e morto num golpe a favor da União Soviética. O Partido Popular Democrático toma o poder, mas é paralisado por violentas disputas internas, além de enfrentar a oposição de grupos de guerreiros mujahideen apoiados pelos Estados Unidos.

1979 – Em dezembro, o Exército soviético invade o país e coloca no poder um governo comunista. No ano seguinte, Babrak Karmal é instalado como governante, com o apoio das tropas soviéticas. A oposição, porém, aumenta, com vários grupos de mujahideens lutando contra as forças soviéticas. Os EUA, o Paquistão, a China, o Irã e a Arábia Saudita enviam dinheiro e armas aos mujahideen.

1986 – Karmal é substituído no poder por Mohammad Najibullah, novo chefe do regime apoiado pela União Soviética.

1988 – Afeganistão, URSS, EUA e Paquistão assinam acordos de paz. A União Soviética começa a retirar suas tropas do país.

1989 – As últimas tropas soviéticas deixam o Afeganistão, mas uma guerra civil continua, com os mujahideen forçando a derrubada de Najibullah.

1992 – O governo de Najibullah é derrubado, mas uma devastadora guerra civil se segue.

Tropas soviéticas deixam o Afeganistão
Legenda da foto, As topas soviéticas deixaram o Afeganistão em 1989, dez anos depois de sua invasão

1996 – O grupo radical Talebã toma o controle da capital, Cabul, e introduz uma versão extrema do Islã, banindo as mulheres do mercado de trabalho e introduzindo punições islâmicas, como a morte por apedrejamento e amputações. Combatentes do Talebã tomam Najibullah, que se encontrava havia anos refugiado numa base da ONU, e o torturam até matá-lo.

1997 – O Talebã , que agora controla dois terços do território do país, é reconhecido como governo afegão legítimo pelo Paquistão e pela Arábia Saudita.

1998 – Os EUA lançam ataques a mísseis contra supostas bases do militante Osama bin Laden, acusado de organizar as explosões de embaixadas americanas na África.

1999 – A ONU impõe um embargo aéreo e sanções financeiras para forçar o Afeganistão a entregar Osama bin Laden para ser julgado.

Combatentes do Taliban em 2001
Legenda da foto, O regime do Talebã desafiou a comunidade internacional ao se recusar a entregar Osama bin Laden

2001 – Em março, o regime do Talebã, liderado pelo mulá Mohammed Omar, destroi duas grandes estátuas de Buda do século 6 no vale de Bamyan, no centro do país. Em setembro, Ahmad Shah Masood, líder da principal oposição ao Talebã , a Aliança do Norte, é assassinado.

2001 – Outubro – Início do bombardeio do Afeganistão pelos EUA depois dos atentados de 11 de setembro. Forças da Aliança do Norte entram em Cabul pouco depois. Em dezembro, grupos afegãos fazem um acordo, em Bonn, na Alemanha, pela formação de um governo interino. Hamid Karzai assume como chefe de um governo interino de coalizão.

2002 – Em abril, o ex-rei Zahir Shah volta ao país, mas não reivindica direito ao trono. Shah morre cinco anos depois.

2003 – Em agosto, a Otan (aliança militar ocidental) assume o controle da segurança em Cabul, a primeira vez em que a organização assume uma responsabilidade operacional fora da Europa.

Local de estátua de Buddah
Legenda da foto, O Talebã destruiu as estátuas de Buda em Bamyan no início de 2001, meses antes da invasão americana

2004 – Em janeiro, a Loya Jirga adota uma nova Constituição, que prevê uma Presidência fortalecida. Em outubro e novembro, ocorrem eleições presidenciais, em que Hamid Karzai é declarado o vencedor.

2005 – Em setembro, afegãos votam na primeira eleição parlamentar em mais de 30 anos.

2008 – O presidente americano, George W. Bush, envia em setembro mais 4.500 soldados ao país, num movimento descrito na época como uma escalada discreta.

2009 – Eleições provinciais e presidencial de agosto são marcadas por uma onda de ataques do Talebã, participação baixa e acusações de fraude. Em outubro, Karzai é declarado vencedor, depois que Abdullah Abdullah retira-se da disputa, antes do segundo turno.

2009 – Dezembro – O presidente americano, Barack Obama, aumenta o contingente no Afeganistão em 30 mil soldados, elevando o total a 100 mil. Obama diz que os EUA começarão a retirar suas tropas em 2011. 

2010 – Forças da Otan lançam uma grande ofensiva em fevereiro, a Operação Moshtarak, numa tentativa de assegurar o controle pelo governo da província de Helmand, no sul. Em julho, o site Wikileaks publica milhares de documentos militares confidenciais dos EUA relacionados ao Afeganistão.

2011 – Em fevereiro, a entidade Afghanistan Rights Monitor informa que o número de civis mortos desde a invasão de 2001 atingiu níveis recordes em 2010.

2013 – Em junho, o Exército afegão assume o controle de todas as operações militares e de segurança no país, que estavam sob o comando da Otan.

2014 – Os dois adversários na disputa presidencial, Ashraf Ghani e Abdullah Abdullah, assinam um acordo de compartilhamento de poder, depois de uma auditoria de dois meses dos resultados das eleições. Ghani assume como presidente.

2014 – Dezembro – A Otan oficialmente encerra seus 13 anos de missões de combate no Afeganistão, entregando o comando às forças afegãs. A violência no país, no entanto, persiste, e 2014 é considerado o ano mais sangrento desde a invasão de 2001.

Soldado ocidental no Afeganistão
Legenda da foto, As tropas ocidentais, que assumiram o controle da segurança a partir de 2001, não acabaram com a violência

2015 – O grupo autodenominado Estado Islâmico (EI) emerge no leste do Afeganistão e, em poucos meses, captura boa parte das áreas controladas pelo Talebã na província de Nangarhar.

2016 – Em julho, o presidente Barack Obama diz que 8.400 soldados americanos permanecerão no Afeganistão ao longo de 2017 diante da “precária situação de segurança” no país. A Otan também concorda em manter tropas no país e reitera sua promessa de financiamento de forças de segurança locais até 2020.

2017 – O presidente americano, Donald Trump, anuncia o envio de tropas adicionais para combater uma ressurgência do Talebã.

2019 – Negociações entre o Talebã e os EUA chegam ao fim sem um acordo.

2020 – Em fevereiro, os Estados Unidos assinam acordo com o Talebã que prevê a retirada das tropas estrangeiras do território afegão em 14 meses. Em troca, o Talebã se compromete a cortar os laços com o grupo radical al-Qaeda.

2021 – Em meados de abril, o presidente americano, Joe Biden, disse que a retirada das tropas dos EUA começaria em maio e estaria concluída em 11 de setembro, aniversário de 20 anos dos ataques às torres gêmeas do World Trade Centre.

2021 – Em agosto, simultaneamente à saída dos soldados americanos, militantes do Talebã começam a tomar o contrle de importantes cidades do Afeganistão. O progresso do grupo é extremamente rápido forçando os EUA a acelerarem a retirada das tropas. Em 15 de agosto, o Talebã entra em Cabul e toma o palácio do governo, após a fuga do então presidente Ashraf Ghani.

2021 – Milhares de afegãos tentam desesperadamente deixar o país.

Fonte: BBC

Publicidade

DIA DAS MÃES NA HISTÓRIA


Dia das Mães é uma data comemorativa celebrada, no Brasil, no segundo domingo do mês de maio. Nele é homenageado todo o amor, carinho e dedicação que as mães têm com seus filhos. Essa comemoração foi oficialmente instituída aqui por Getúlio Vargas, em 1932, mas fala-se que a primeira celebração do tipo foi realizada ainda na década de 1910.

O Dia das Mães é uma celebração que surgiu nos Estados Unidos, sendo fundada por Anna Jarvis, filha da ativista Ann Jarvis. Ele foi criado por Anna como uma forma de homenagear sua mãe, falecida em 1905. Sua criação oficial aconteceu em 1914, por meio do presidente norte-americano Woodrow Wilson.

Dia das Mães na história

O Dia das Mães é uma criação moderna que remonta aos Estados Unidos do começo do século XX. No entanto, celebrações e homenagens para as mães não foram uma exclusividade dos norte-americanos desse período.

Os historiadores sabem que, na Antiguidade, festivais e celebrações aconteciam como homenagem às figuras maternas. Podemos observar então que, desde tempos muito remotos, as mães são enxergadas como figuras importantes dentro da família e da sociedade.

Vida de Ann Jarvis

O Dia das Mães, como citado, surgiu no início do século XX, e sua criação foi uma homenagem a Ann Jarvis. Essa norte-americana era uma ativista que dedicou sua vida a obras de caridade, sobretudo aquelas realizadas durante um dos períodos mais conturbados da história norte-americana: a Guerra de Secessão.

Ann Jarvis dedicou-se totalmente ao trabalho social. Ela fazia parte de uma igreja metodista e passou a trabalhar, a partir da década de 1850, na conscientização das famílias na região onde morava, Virgínia Ocidental, a respeito da importância de manter-se boas condições sanitárias, isto é, higiene. Suas ações estavam ligadas ao Mother’s Day Work Clubs.null

Isso porque, na época, era comum que doenças, como febre tifoide e cólera, afetassem locais sem as condições ideais de higiene. Durante a Guerra Civil Americana, Ann Jarvis ajudou socorrendo soldados que lutavam dos dois lados do conflito. Ela forneceu alimentos para quem os necessitava e auxiliou no tratamento de doenças.

Depois da guerra, Ann Jarvis participou de ações que buscavam reconciliar as pessoas que lutaram umas contra as outras. Ann Jarvis juntou-se a mais mães e idealizou o Mother’s Friendship Day (Dia das Mães pela Amizade), um dia para unir as famílias que tinham lutado nos diferentes lados da guerra e realizar ações que promovessem a amizade e fraternidade entre elas.

Idealização do Dia das Mães

Atualmente, o Dia das Mães é uma das datas comemorativas mais importantes de nosso país.

Ann Jarvis viveu até 1905 e passou os últimos momentos de sua vida na Filadélfia, com sua filha Anna Jarvis. Quando ela faleceu, em 9 de maio, o luto de sua filha foi consideravelmente doloroso. Tempos depois, Anna Jarvis resolveu idealizar uma data para homenagear sua mãe. Nascia assim a ideia que deu origem ao Dia das Mães.

Não obstante, os historiadores consideram outras ações, no século XIX, como precursoras do Dia das Mães. Um exemplo disso foi dado por Julia Ward Howe, que tentou, em 1872, criar o Mother’s Day for Peace (Dia das Mães pela Paz), mas sua ideia acabou não prosperando e foi esquecida. Jarvis, por sua vez e ao contrário de Howe, teve sucesso na sua empreitada.

A proposta de Anna Jarvis para a criação do Dia das Mães foi idealizada em 1907 e colocada em prática, pela primeira vez, em 1908, como um memorial para a sua mãe. A atuação da filha pela criação desse momento de celebração das mães espalhou-se e contagiou os Estados Unidos. Em 1910, o estado da Virgínia Ocidental oficializou o Dia das Mães no segundo domingo de maio.

Quatro anos depois, em 1914, Anna Jarvis conseguiu concretizar o seu sonho. O Congresso dos Estados Unidos aprovou a criação do Dia das Mães e sua implantação em todo o país. O presidente Woodrow Wilson, por sua vez, aprovou a medida do Congresso. Aos poucos, o Dia das Mães transformou-se em algo muito importante.

Dia das Mães no Brasil

O Brasil passou a comemorar o Dia das Mães, de maneira oficial, após um decreto emitido pelo presidente do Brasil em 1932, Getúlio Vargas. O estabelecimento dessa data no país foi resultado dos esforços realizados pelo movimento feminista brasileiro. O decreto que a oficializou foi o de nº 21.366, assinado em 5 de maio de 1932.

Embora a data tenha sido criada oficialmente só na década de 1930, o primeiro registro de comemoração do Dia das Mães de que se tem conhecimento em nosso país é de 1918. Esse registro fala de uma celebração do tipo realizada em Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul.

Aqui adotou-se o modelo norte-americano, com a celebração sendo realizada no segundo domingo de maio. Nos próximos anos, o Dia das Mães será celebrado nos seguintes dias:

  • 2020: 10 de maio
  • 2021: 9 de maio
  • 2022: 8 de maio

Dia das Mães no Mundo

No Brasil, optou-se por seguir a tradição norte-americana, instituída por Anna Jarvis (a data também foi escolhida por ela). Outros países do mundo também celebram o Dia das Mães, mas muitos escolheram datas diferentes para isso. Vejamos alguns exemplos:

Países

Data

Brasil, EUA, Alemanha, Canadá, Tchéquia, Finlãndia, Gana, Gabão, Islândia, Paquistão, Nova Zelândia etc.

Segundo domingo de maio

Eslovênia

25 de março

México, Guatemala e El Salvador

10 de maio

Argentina

Terceiro domingo de outubro

Rússia

Fonte: por Daniel Neves Silva no mundo Educação

MARTIN LUTHER KING | CURTAS NA HISTÓRIA


CRISES HUMANITÁRIAS | DR. JOÃO GUILHERME GRANJA


O BRASIL DEPOIS DE BIDEN | PROF. DR. THALES CASTRO – UNICAP – RÁDIO CBN


%d blogueiros gostam disto: