JOSUÉ DE CASTRO


Josué de Castro destacou-se por seu trabalho sobre a Geografia da Fome no Brasil, bem como sobre suas causas e os meios para combatê-la.

Josué de Castro, um dos principais pensadores da Geografia

Josué de Castro, um dos principais pensadores da Geografia

Josué de Castro (1908-1973) foi um pensador e ativista político brasileiro nascido na cidade de Recife. Apesar de não ser geógrafo de formação (sua graduação era em medicina), tornou-se um dos maiores pensadores da Geografia, em virtude, principalmente, das obras Geografia da Fome Geopolítica da Fome.

Além de sua formação em medicina, também foi livre-docente em Fisiologia (Faculdade de Medicina do Recife), professor catedrático de Geografia Humana (Faculdade de Ciências Sociais do Recife e na Universidade do Brasil) e de Antropologia (Universidade do Distrito Federal). Foi também embaixador do Brasil na ONU, em Genebra, além de ter sido eleito Deputado Federal pelo PTB (Partido Trabalhista Brasileiro) em 1954 e em 1958. Como resultado da implantação do regime militar, mesmo tendo sido eleito o Deputado com maior número de votos no Nordeste, Josué de Castro teve seus direitos políticos cassados pelo Ato Institucional n°1 em 1964.

Castro caracterizou seu pensamento por romper com algumas falsas convicções que imperavam em seu período (e que ainda se fazem presentes nos dias atuais) de que a fome e a miséria do mundo eram resultantes do excesso populacional e da escassez de recursos naturais.

Em suas obras, provou que a questão da fome não se tratava do quantitativo de alimentos ou do número de habitantes, mas sim da má distribuição das riquezas, concentradas cada vez mais nas mãos de menos pessoas. Por isso, acreditava que a problemática da fome não seria resolvida com a ampliação da produção de alimentos, mas com a distribuição não só dos recursos, como também da terra para os trabalhadores nela produzirem, tornando-se um ferrenho defensor da reforma agrária.

Logo no início de sua obra Geografia da Fome, Josué de Castro afirmou que “Interesses e preconceitos de ordem moral e de ordem política e econômica de nossa chamada civilização ocidental tornaram a fome um tema proibido, ou pelo menos pouco aconselhável de ser abordado”.

Nessa obra, o autor realizou um intenso trabalho no sentido de mapear toda a distribuição e concentração da fome no Brasil. O resultado foi a derrubada de alguns mitos: de que a fome decorria de influências climáticas ou de que tal processo era culpa da improdutividade da população que optava pelo ócio, argumentos bastante populares ainda hoje.

O autor dividiu o país em cinco regiões conforme as características alimentares de cada uma delas. Analisou as características naturais, bem como alguns processos históricos, como a colonização e as transformações políticas e econômicas de cada localidade. Assim, comprovou que a ocorrência da fome e da desnutrição da população não tinha relação com fatores naturais, mas sim políticos, sendo necessária a adoção de políticas de distribuição alimentar e a implantação da reforma agrária.

Geopolítica da fome

Nessa obra, diferentemente da primeira apresentada, Josué eleva a análise da fome a um nível internacional, regionalizando sua análise entre os continentes da América, África, Ásia e Europa.

Josué prossegue e confirma sua tese de que a questão da fome trata-se da má distribuição das riquezas e dos produtos, e não da escassez em termos quantitativos. Nesse sentido, ele demonstra como os processos de colonização e dependência econômica estão diretamente ligados à geração de pobreza e miséria extrema no mundo.


Por Rodolfo Alves Pena
Graduado em Geografia

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

PENA, Rodolfo F. Alves. “Josué de Castro”; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/geografia/josue-castro.htm. Acesso em 20 de agosto de 2022.

PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL


A Primeira Guerra Mundial, conhecida como “A Grande Guerra”, constitui o acontecimento que transformou radicalmente a Europa e o mundo.

Por Me. Cláudio Fernandes

Primeira Guerra Mundial, que durou de 1914 a 1918, foi considerada por muitos de seus contemporâneos como a mais terrível das guerras. Por este motivo, tornou-se conhecida durante muito tempo como “A Grande Guerra”. Para se compreender os motivos de ter sido uma guerra tão longa e de proporções catastróficas é necessário relembrar alguns aspectos do cenário político e econômico mundial das últimas décadas do século XIX.https://caaee8d08a91240c8048651aea3e315f.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html?n=0

Na segunda metade do século XIX, a junção entre capitalismo financeiro e capitalismo industrial proporcionou a integração econômica mundial, favorecendo assim, principalmente, as nações que haviam começado seu processo de industrialização. Essas mesmas nações expandiram significativamente seu território em direção a outros continentes, sobretudo ao Asiático, ao Africano e à Oceania. A Inglaterra, por exemplo, integrou grandes países ao seu Império, como a Índia e a Austrália. Todo esse processo é conceitualmente tratado pelos historiadores como Imperialismo e NeocolonialismoNesse cenário se desencadearam os principais problemas que culminaram no conflito mundial.

No início da década de 1870, a Alemanha promovia sua unificação com a Prússia e, ao mesmo tempo, enfrentava a França naquela que ficou conhecida como Guerra Franco-Prussiana. Ao vencer a França, a Alemanha possou a ter posse sobre uma região rica em minério de ferro, que foi importantíssima para o desenvolvimento de sua indústria, incluindo a indústria bélica. Tratava-se da região de Alsácia e Lorena. A França, na década posterior à guerra contra a Alemanha, desenvolveu um forte sentimento de revanche, o que provocava uma enorme tensão na fronteira entre os dois países. A tensão se agravou quando Otto Von Bismarck, o líder da unificação alemã, estabeleceu uma aliança com a Áustria-Hungria e com a Itália, que ficou conhecida como Tríplice Aliança. Essa aliança estabelecia tanto acordos comerciais e financeiros quanto acordos militares.

A França, que se via progressivamente ameaçada pela influência que era estabelecida pela Alemanha, passou a firmar acordos, do mesmo gênero da Tríplice Aliança, com o Império Russo, czarista, em 1894. A Inglaterra, que era um dos maiores impérios da época e também se resguardava do avanço alemão e temia sofrer perdas de território e bloqueios econômicos, acabou se aliando à França e à Rússia, formando assim a Tríplice Entente.https://caaee8d08a91240c8048651aea3e315f.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html?n=0

A tensão entre as duas alianças se tornou crescente, especificamente em algumas regiões, como a península balcânica. Na região dos Balcãs, dois grandes impérios lutavam para impor um domínio de matiz nacionalista: o Austro-Húngaro e o Russo. A Rússia procurava expandir sua ideologia nacionalista eslava (conhecida como Pan-eslavismo) e apoiava a criação, nos Balcãs, do estado da Grande Sérvia, enquanto que a Áustria-Hungria se aproveitava da fragilidade do Império Turco-Otomano (que dominou esta região durante muito tempo) e procurava, com a ajuda da Alemanha, estabelecer um controle na mesma região, valendo-se também de uma ideologia nacionalista (conhecida como Pangermanismo). No ano de 1908, a região da Bósnia-Herzegovina foi anexada pela Áustria-Hungria, o que dificultou a criação da “Grande Sérvia”. Além disso, a Alemanha tinha interesses comerciais no Oriente Médio, em especial no Golfo Pérsico, e pretendia construir uma ferrovia de Berlim a Bagdá, passando pela península balcânica.

O estopim para o conflito entre as duas grandes forças que se concentravam na região dos Balçãs veio com o assassinato do arquiduque Francisco Ferdinando, herdeiro do trono da Áustria-Hungria, por um militante da organização terrorista Mão Negra, de viés nacionalista eslavo. O assassinato do arquiduque ocorreu em 28 de janeiro de 1914, em Sarajevo, capital da Bósnia. Francisco Ferdinando tinha ido a Sarajevo com a proposta da criação de uma monarquia tríplice para região, que seria governada por austríacos, húngaros e eslavos. Sua morte acirrou os ânimos nacionalistas e conduziu as alianças das principais potências europeias à guerra.


O assassinato de Francisco Ferdinando, herdeiro do trono da Áustria-Hungria, na cidade de Sarajevo, foi considerado o estopim da Primeira Guerra2

A Áustria percebeu neste fatídico acontecimento a oportunidade de atacar a Sérvia e demolir o projeto eslavo de construção de um forte estado. Sendo assim, Áustria-Hungria e Alemanha deram um ultimato à Sérvia para solucionar o caso do assassinato de Francisco Ferdinando. A Servia negou-se a ceder à pressão dos germânicos e, com o apoio da Rússia, sua aliada, preparou-se para o que veio a seguir: a declaração de guerra por parte da Áustria-Hungria, que foi formalizada em 28 de julho de 1914. Logo a França ofereceu apoio à Rússia contra a Áustria-Hungria, o que fez a Alemanha declarar guerra contra a Rússia e a França. O conflito logo se expandiu para outras regiões do globo.

A guerra se intensificou quando o exército alemão, que era o mais moderno da época, rumou em direção à França, passando pelo território belga, que era neutro. Isso fez com que a Inglaterra, aliada da Rússia, declarasse guerra à Alemanha. A partir desse momento, a guerra ganhou proporções cada vez mais catastróficas. As principais formas de tática militar eram a guerra de trincheiras, ou guerra de posição, que tinha por objetivo a proteção de territórios conquistados; e a guerra de movimento, ou de avanço de posições, que era mais ofensiva e contava com armamentos pesados e infantaria equipada.

Ao longo da guerra, o uso de novas armas, aperfeiçoadas pela indústria, aliado a novas invenções como o avião e os tanques, deu aos combates uma característica de impotência por parte dos soldados. Milhares de homens morreram instantaneamente em bombardeios ou envoltos em imensas nuvens de gás tóxico. Essa característica produziu um alto impacto na imaginação das gerações seguintes à guerra. Escritores como Erich Maria Remarque, Ernst Jünger e J. J. R. Tolkien, que combateram na Primeira Guerra, extraíram dela muitos elementos para composição de suas histórias.

O ano de 1917 foi decisivo no contexto da “Grande Guerra”. Nesse ano, a Rússia se retirou do fronte de batalha, haja vista que seu exército estava obsoleto e sua economia arruinada. Foi neste ano também que os revolucionários bolcheviques fizeram sua revolução comunista na Rússia, fato crucial para a efervescência política europeia das décadas seguintes. Foi ainda em 1917 que os Estados Unidos entraram na guerra ao lado da Inglaterra e da França e contra a Alemanha, que já não mais tinha a mesma força do início da guerra. Sendo que, após o fim da Primeira Guerra em 1918, os Estados Unidos tornaram-se a grande potência fora do continente europeu.

A “Grande Guerra” chegou ao fim em 1918, com vitória dos aliados da França e grande derrota da Alemanha. O ponto mais importante a se destacar quanto ao fim da guerra são as determinações do Tratado de Versalhes. Nessas determinações, os países vencedores não aceitaram a orientação da Liga das Nações de não submeter a Alemanha derrotada à indenização pelos danos da guerra. Sendo assim, a Alemanha foi obrigada a ceder territórios e a reorganizar sua economia tendo em conta o futuro ressarcimento aos países vencedores da Primeira Guerra, sobretudo a França.

O saldo de mortos durante os cinco anos da Primeira Guerra foi de um total de 8 milhões, dentre estes, 1.800.000 apenas de alemães. Esse tipo de mortandade acelerada e terrivelmente impactante tornou a se repetir a partir de 1939, com a Segunda Guerra Mundial.


A Primeira Guerra deixou um enorme número de soldados mortos para todas as nações envolvidas, além da vasta destruição nas cidades europeias

O imaginário da Primeira Guerra povoa os territórios de várias artes. No cinema, por exemplo, temos inúmeros filmes que a tematizam. Dois deles merecem destaque: “Corações do Mundo” (1918), de Griffith, produzido ainda “sob o calor da guerra” e “Glória Feita de Sangue” (1957), de Stanley Kubrick.

Fonte: História do Mundo

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*Créditos das imagens:
1 Wikimedia Commons / National Library NZ on The Commons
2 Wikimedia Commons

INDEPENDÊNCIA DOS EUA


A declaração de independência dos Estados Unidos foi emitida durante o Segundo Congresso Continental da Filadélfia.

Independência dos Estados Unidos foi resultado do choque de interesses dos colonos com os da Inglaterra. A declaração de independência aconteceu em 4 de julho de 1776.A declaração de independência dos Estados Unidos foi emitida durante o Segundo Congresso Continental da Filadélfia.

independência dos Estados Unidos foi declarada em 4 de julho de 1776 e reconhecida pelos ingleses em 1783, após cinco anos de guerra. A independência foi resultado do choque de interesses entre colonos e ingleses. A tensão aumentou consideravelmente por meio das leis e dos novos impostos que os ingleses foram impondo à colônia.

Resumo sobre a independência dos Estados Unidos

  • https://611b9f60e14694f9d6fbea22f9bdbe0e.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html?n=0A independência dos Estados Unidos foi resultado do choque de interesses entre Inglaterra e Treze Colônias.
  • Os ingleses aumentaram sensivelmente a cobrança de impostos e se tornaram mais rígidos no cumprimento das leis.
  • A insatisfação dos colonos motivou protestos e conflitos com os ingleses.
  • Os colonos decidiram pela sua independência depois do Segundo Congresso Continental da Filadélfia.
  • A independência foi anunciada em 1776, e os ingleses reconheceram-na em 1783.

Fatores que contribuíram para a independência dos Estados Unidos

A independência dos Estados Unidos foi resultado do rompimento nas relações entre as Treze Colônias e a Inglaterra. Isso aconteceu porque os interesses da Inglaterra e os interesses dos colonos começaram a se mostrar diferentes, gerando atrito entre as partes. A partir de determinado momento, os colonos passaram a entender que não fazia mais sentido manter os laços coloniais com os ingleses.

Primeiramente pode ser mencionada uma série de conflitos nos quais a Inglaterra se envolveu. Grande parte deles tinha reflexos no continente americano, a exemplo dos casos de conflitos contra os franceses, como aconteceu na Guerra dos Sete Anos. No caso da América, esses conflitos resultavam em combates entre colonos ingleses e colonos franceses.

Os colonos sustentavam todo o peso das batalhas, formando e sustentando batalhões, para, no final, não terem os seus interesses considerados pela Inglaterra. Um exemplo claro se deu quando os ingleses se envolveram na guerra de sucessão do trono austríaco. Ingleses e franceses defendiam lados diversos e isso resultou conflitos na América. Os colonos financiaram um ataque a Louisbourg, tomando um forte local, mas, no final, os ingleses forçaram-nos a devolver o forte para os franceses.

Além disso, os colonos sentiram o peso dos impostos aumentar sobre eles porque, com os conflitos, mais tropas eram enviadas para a América do Norte, e o sustento delas era obrigação dos colonos. As guerras também exigiam o aumento de impostos dos colonos, como veremos mais adiante no texto.

O aumento da arrecadação na colônia é entendido pelos historiadores como uma mudança da política colonial dos ingleses em relação às Treze Colônias. Essa mudança tinha relação com o processo de industrialização da Inglaterra, pois era necessário obter mais matérias-primas e abrir novos mercados consumidores. A expansão da indústria inglesa deu-se mediante a exploração das Treze Colônias.

Por fim, havia a questão da ocupação das terras do oeste. Essas terras foram conquistadas dos franceses depois da Guerra dos Sete Anos, e os colonos ingleses desejavam ocupá-las, mas a Coroa inglesa não permitia a ocupação. A decisão da Coroa era parte da política inglesa em relação aos indígenas, isto é, a metrópole não queria ter problemas com os índios que habitavam essas regiões, e a não ocupação das terras era a melhor forma de evitá-los.

Leia maisEUA no século XIX – principais acontecimentos

Novos impostos

Como mencionamos, os gastos que a Inglaterra teve com as guerras em que ela se envolveu ao longo do século XVIII, a Revolução Industrial e a mudança na política colonial trouxeram uma necessidade de maior arrecadação por parte da Coroa. Essa necessidade passava pela criação de novosimpostos e pelo estabelecimento de mecanismos que garantiriam que eles fossem cobrados.

O aumento de impostos e a maior presença de autoridades inglesas nas Treze Colônias colocaram fim numa política que dava grande autonomia aos colonos. A perda de autonomia, a criação de novos impostos e a maior rigidez das autoridades coloniais contribuíram largamente para que as relações entre metrópole e colônia ficasse bem ruins.

Entre as leis anunciadas pela Inglaterra, destacam-se a Lei do Açúcar, a Lei daHospedagem, a Lei da Moeda, a Lei do Selo e os Atos Townshend. Entre elas, uma das que mais causou indignação foi a Lei do Selo, que determinava que documentos em papéis, como contratos, jornais, cartazes, entre outros, tivessem, obrigatoriamente, um selo inglês que era pago.

Essa lei gerou protestos e boicotes por parte da população colona, forçando a Inglaterra a revogá-la. Entretanto, outras leis foram anunciadas posteriormente, como os Atos Townshend e a Lei do Chá. Esta última serviu como estopim para que a insatisfação dos colonos levasse à independência.

Lei do Chá

Ilustração de colonos jogando caixas de chá no mar na Festa do Chá de Boston.

A Lei do Chá foi anunciada em 1773 e determinava que todo o chá vendido nas Treze Colônias seria obrigatoriamente comercializado pela Companhia das Índias Orientais. Isso afetaria uma série de comerciantes que não poderiam mais comercializar um produto importante e também faria com que o preço dele subisse, pois, agora, apenas uma empresa o venderia, e ela teria o direito de cobrar o preço que quisesse.

A indignação com a lei motivou 150 colonos disfarçados de índios a invadirem o porto de Boston e destruírem carregamentos de chá da companhia. Estima-se que cerca de 340 caixas tenham sido lançadas ao mar. Esse evento recebeu o nome de Festa do Chá deBoston e aconteceu no dia 16 de dezembro de 1773.

As autoridades inglesas ficaram furiosas com o acontecimento e decidiram punir severamente a colônia por meio das LeisIntoleráveis. Entre essas leis estava a determinação do fechamento do porto de Boston até que o prejuízo fosse pago. Além disso, elas determinaram a proibição do direito de reunião, além da autonomia de Massachusetts ter sido revogada e de mais soldados terem sido enviados para lá, sendo obrigação dos colonos abrigá-los e alimentá-los.

Quando os colonos declararam a independência?

As Leis Intoleráveis motivaram representantes das Treze Colônias a se reunirem para debater a situação com os ingleses. Essa reunião se deu com o PrimeiroCongresso Continental da Filadélfia, realizado entre setembro e outubro de 1774. Nesse primeiro encontro, os colonos emitiram sua insatisfação com as leis impostas pelos ingleses, mas mantiveram sua fidelidade com o rei inglês.

A situação se agravou porque os ingleses decidiram enviar mais tropas para as Treze Colônias e, mais uma vez, obrigaram os colonos a sustentá-las. O desgaste nas relações aumentou consideravelmente a partir daí, e os primeiros conflitos armados entre colonos e ingleses aconteceram por meio da Batalha de Lexington e Concord, em 1775.

Posteriormente, organizou-se o Segundo Congresso Continental da Filadélfia, no qual os representantes das Treze Colônias alegaram não haver mais condições de manter os laços coloniais com a Inglaterra. Assim, em 4 de julho de 1776, foi emitida a declaração de independência, documento que explicava os motivos da separação.

A independência dos Estados Unidos foi pacífica?

Não. Depois da declaração de independência, os conflitos entre colonos norte-americanos e ingleses seguiram acontecendo e se estenderam por mais cinco anos. Para garantir a defesa de sua independência, os colonos formaram uma milícia armada, que lutou contra as tropas inglesas. Além disso, os cidadãos norte-americanos puderam se armar para se defender.

A derrota dos ingleses foi sacramentada por meio da Batalha de Yorktown, que ocorreu no final de 1781. Depois dela, os ingleses aceitaram negociar com os norte-americanos, e a independência dos Estados Unidos foi reconhecida por meio do Tratadode Paris de 1783.

Por Daniel Neves Silva em História do Mundo

GRÉCIA ANTIGA


Grécia Antiga foi uma civilização que se desenvolveu no sul da Europa, mais precisamente na Península Balcânica, estendendo-se pela Península do Peloponeso e por diversos locais ao longo da costa do Mar Mediterrâneo. Essa civilização começou a desenvolver-se a partir de 1100 a.C., e sua história deu-se até 146 a.C., quando foi dominada pelos romanos.

Tradicionalmente, os historiadores dividiram a história grega em cinco períodos, sendo que o arcaico e o clássico correspondem ao auge dessa civilização. A grande marca dos gregos foi o desenvolvimento da pólis, uma cidade-estado, sendo que as duas principais foram Atenas e Esparta, cada uma representando um modelo de atuação.

Períodos da história grega

A história do povo grego na Antiguidade é uma das mais longas e ricas que conhecemos. Se adicionarmos a ela o período de formação do seu povo, estaremos falando de cerca de dois mil anos de história. Naturalmente, toda essa trajetória foi marcada por avanços e recuos, e, por conta disso, ela foi dividida pelos historiadores em cinco períodos.

Esses períodos levam em consideração a formação do povo grego e as características básicas das suas civilizações. São divisões aproximadas e que não devem ser enxergadas de maneira engessada. A periodização da história grega é a seguinte:

  • Período Pré-Homérico (2000-1100 a.C.): corresponde ao momento de formação do povo grego e nele se destaca a existência das civilizações minoica e micênica.
  • Período Homérico (1100-800 a.C.): caracterizado por grandes lacunas no conhecimento histórico. Os historiadores sabem que se tratou de um momento de recuo civilizacional devido à destruição dos micênicos pelos dórios.
  • Período Arcaico (800-500 a.C.): fase na qual surgiu a pólis, o modelo de cidade-estado dos gregos. A cultura grega expandiu-se pelo Mediterrâneo por conta da colonização, e avanços significativos — como a invenção do alfabeto fonético — aconteceram.
  • Período Clássico (500-338 a.C.): corresponde ao auge da civilização grega, sobretudo pelo grande avanço que a arte e a cultura gregas alcançaram. Duas grandes guerras aconteceram na Grécia.
  • Período Helenístico (338-136 a.C.): declínio da civilização grega, que passa a ser dominada pelos macedônicos, os responsáveis por difundirem a cultura grega para o Oriente. Ao final desse período, a Grécia foi convertida em um protetorado romano.

Formação do povo grego

Como vimos, o período de formação do povo grego ficou conhecido como Pré-Homérico. Essa fase ocorreu durante quase todo o segundo milênio a.C. e ficou conhecida pela existência de duas grandes civilizações: a cretense (ou minoica) e a micênica. A formação do povo grego deu-se pela mistura da cultura cretense com a de povos indo-europeus que se estabeleceram na região da Grécia.

Os povos indo-europeus começaram a chegar à Grécia por volta de 2000 a.C. Eles eram formados por jônios, aqueus, eólios e dórios. Os primeiros povos indo-europeus a chegarem à Grécia depararam-se com uma grande civilização desenvolvida a partir de 2000 a.C. Estamos falando dos cretenses, também conhecidos como minoicos.

  • Cretenses

Os cretenses foram um povo que surgiu na Ásia Menor (atual Turquia) e migrou para as ilhas que existem no Mar Egeu, sendo Creta a principal delas. Em Creta, sobreviveram da agricultura e da criação de animais e desenvolveram laços comerciais que percorreram a região mediterrânica. A expansão dos cretenses é confirmada pelo fato de que sua forma de escrita (chamada de Linear A) foi encontrada em outros locais da Grécia, assim como na Ásia Menor e até na região de Israel.

Por volta de 1400 a.C., a civilização cretense deixou de existir, sendo substituída pelos micênicos. Acredita-se que o enfraquecimento dos cretenses tenha relação com o uso excessivo do solo somado a desastres naturais, como terremotos e erupções vulcânicas, que prejudicaram sua sobrevivência em Creta.

  • Micênicos

Ruínas de uma construção feita pelos micênicos, povo indo-europeu que desapareceu por volta de 1200 a.C.

Os micênicos chegaram à Grécia em 1600 a.C., e, por volta de 1400 a.C., assimilaram os cretenses. Eles eram um povo indo-europeu que migrou para a região, espalhando-se por todo o território grego e chegando às ilhas do Mar Egeu e à Ásia Menor. Sabemos que os micênicos chamavam a si mesmos de aqueus.

Os historiadores falam que a fusão da cultura micênica com a cretense teve grande influência na formação da cultura do povo grego. Os micênicos organizavam-se em cidades-estado, o poder era exercido por um rei que habitava um grande palácio (com os cretenses também era assim), e eles também tinham muitas relações comerciais.

Por conta do comércio, os micênicos desenvolveram uma escrita com algumas semelhanças com a desenvolvida pelos cretenses. Conhecida como Linear B, essa escrita já era realizada em um idioma parecido com o grego. Além disso, os micênicos dominavam técnicas de cerâmica e metalurgia, além de possuírem uma arquitetura imponente.

invasão dórica, iniciada a partir de 1200 a.C., foi o fator que levou à decadência desse povo. Alguns historiadores e arqueólogos sugerem que outros fatores, como insurreição da população, guerras civis e desastres naturais, foram motivos que explicam o declínio dos micênicos. A partir de então, deu-se início ao Período Homérico.

Desenvolvimento da pólis 

Com o fim dos micênicos, as grandes cidades foram reduzidas a pequenas vilas e parte dos grandes palácios foi destruída. A formação da pólis, o modelo clássico de cidade grega, não se deu repentinamente, mas aconteceu lentamente ao longo de séculos. No contexto do Período Homérico, houve um grande recuo civilizacional, mas os historiadores não sabem quase nada sobre essa fase da história grega.

Algo que se sabe é que nela surgiu o genos, uma comunidade agrícola pequena em que seus membros possuíam um grau de consanguinidade e acreditavam que descendiam de um herdeiro em comum (que, na sua crença, era uma figura mítica). O controle dessa comunidade era realizado por um patriarca conhecido como pater.

Originalmente, o genos era marcado por um forte laço de solidariedade e coletividade, pelo qual a terra e o que ela produzia eram compartilhados entre todos. No entanto, com o passar do tempo, a comunidade presenciou a formação de uma aristocracia que dominava as terras, deixando muitos sem acesso a elas. Formou-se, assim, uma aristocracia.

Por questão de sobrevivência, muitos dos genos juntaram-se com outros, formando fratrias. Essa união trazia problemas significativos porque ampliava a desigualdade e gerava disputa de poder e terras. À medida que essa organização não dava mais conta das necessidades governativas do povo grego, a cidade-estado foi surgindo. Esse processo também contou com o fortalecimento do comércio mudanças sociais e políticas.

pólis estabeleceu-se no Período Arcaico, isto é, a partir do século VIII a.C. Todo o território grego foi ocupado por centenas de pólis, destacando-se algumas, como TebasAtenasEsparta e Corinto. A característica básica do modelo de cidade que se estabeleceu na Grécia foi sua autonomia.

Essa autonomia manifestava-se em todos os aspectos: jurídico, político, econômico, religioso etc. Isso significa que a Grécia nunca fui um império com território coeso e fronteiras definidas. Ela era basicamente uma região que aglomerava povos com cultura e idioma comuns.A acrópole de Atenas abriga um dos prédios mais conhecidos dos gregos: o Partenon.

Dois ambientes marcadamente importantes na cidade grega eram a acrópole e a Assembleia, a primeira centralizava os prédios mais importantes da cidade e a segunda era o local da tomada de decisões. No caso da acrópole, ela consistia em uma zona, preferencialmente construída em um local elevado, que reunia os prédios imprecindíveis para aquela sociedade, como os templos religiosos.

A construção da acrópole em local elevado cumpria propósitos militares estratégicos, e essa zona geralmente era fortificada. A acrópole mais conhecida é a de Atenas, pois abrigava um dos prédios mais conhecidos da civilização grega: o Partenon. Já a Assembleia, chamada de ekklesia, era o local onde os cidadãos da cidade reuniam-se para a tomada de decisões. No caso de Atenas, esse prédio foi o grande símbolo da sua democracia.

Além da acrópole, toda a cidade desenvolvia-se no interior das muralhas (construídas para a segurança local), e as terras ao redor do núcleo urbano, ocupadas por camponeses que produziam os alimentos que sustentavam a pólis, também faziam parte dos seus domínios. A cidade de Esparta, por exemplo, tinha posses sobre terras que correspondiam a 8.500 km2. Era o maior território sob o domínio de uma pólis.

Colonização grega

O estabelecimento da pólis foi marcado também pelo processo de concentração de renda, em que a população empobrecida começou a ter cada vez menos acesso às terras e estava cada vez mais endividada. Os que não conseguiam pagar suas dívidas, tornavam-se escravos.

Nesse momento, o comércio estava em expansão e as embarcações gregas iam para diferentes locais no Mediterrâneo. Parte da população, procurando melhores oportunidades, aproveitou-se dessas conexões com outras regiões para sair do território grego. Assim, um grande número de gregos estabeleceu-se em locais como o norte da África, a Sicília, sul da Espanha e da França etc.

Essa expansão e formação de outras pólis nesses locais ficou conhecida como colonização grega. Essas cidades formadas por gregos fora da Grécia estruturavam-se dentro dos mesmos padrões que as pólis que existiam naquele território. Claro que cada uma dessas colônias acabou incorporando elementos característicos da região em que se estabelecia.

Atenas e Esparta

Os dois grandes exemplos de cidade-estado na Grécia foram Atenas e Esparta, pois foram as mais influentes e poderosas pólis. O modelo existente nelas foi adotado por muitas outras, e uma intensa rivalidade existia entre ambas. Essa rivalidade resultou-se na Guerra do Peloponeso, que durou de 431-404 a.C.

Atenas representava o modelo democrático, mas é importante considerarmos que ele foi resultado de reformas políticas que visavam ao combate da forma aristocrática da cidade. No século VI a.C., uma série de mudanças foram realizadas em Atenas, promovendo a instauração desse modelo democrático.

Isso foi resultado de pressão social, pois uma pequena aristocracia mandava na cidade, mas havia uma demanda crescente por maior representatividade. No começo desse século, Sólon colocou fim na escravidão por dívidas e organizou a participação dos cidadãos atenienses na Assembleia por meio de uma divisão da cidade em quatro grupos definidos pela renda média.

Décadas depois, Clístenes aprofundou essas mudanças colocando fim no critério de renda e promoveu uma nova divisão que levava em consideração a localização da residência dos cidadãos. Isso garantiu um aumento na participação na Assembleia, mas, ainda assim, essa instituição manifestava apenas os interesses da aristocracia da cidade. Importante considerarmos que o cidadão, dentro da lógica ateniense, era o homem nascido na cidade, filho de atenienses e com mais de 18 anos.

Já a cidade de Esparta tinha um modelooligárquico, no qual um grupo muito pequeno comandava-a. Esse controle dava-se por meio da força militar, pois os que controlavam Esparta eram guerreiros. Ser guerreiro era uma condição essencial para os que formavam a aristocracia espartana. Essa aristocracia possuía os direitos políticos, era dona das terras e explorava o trabalho da população.

Parte considerável do trabalho era realizada pelo hilotas, o grupo de escravos que formava a maior parte da população espartana. Como eles eram intensamente explorados, a aristocracia espartana mantinha-os sob controle por meio da violência. De tempos em tempos, guerreiros espartanos invadiam os locais habitados pelos hilotas para matá-los livremente. Era o controle pelo medo.

Essa aristocracia guerreira passava porformação nas artes militares desde a infância e dedicava sua vida a esse ofício, portanto, não trabalhava. Além disso, seus componentes eram os únicos que participavam da política. Apesar do modelo distinto e da grande rivalidade, o século V a.C. presenciou a união de Atenas e Esparta. O objetivo dessa união foi derrotar os invasores persas.

Declínio grego

O período clássico foi o de maior desenvolvimento intelectual e econômico da Grécia, mas também foi o que marcou o início da decadência dos gregos. Dois grandes conflitos caracterizaram essa parte da história grega no final do seu período clássico. Por fim, os gregos foram derrotados pelos macedônicos e dominados por eles.Registro da Batalha das Termópilas, uma das batalhas mais famosas das Guerras Médicas.

Os dois conflitos mencionados foram as Guerras Médicas, duas batalhas travadas entre gregos e persas, e a Guerra doPeloponeso, batalha travada entre atenienses e espartanos que arrastou toda a Grécia para uma guerra civil.

No caso das Guerras Médicas, elas aconteceram em dois momentos, nos quais os persas foram liderados primeiro por Darioe depois por Xerxes. O objetivo dos persas era conquistar a Grécia e anexá-la ao seu território, mas os gregos uniram-se e derrotaram-nos nas duas batalhas. Os dois momentos decisivos foram a Batalha de Maratona (490 a.C.) e a Batalha de Plateia(479 a.C.).

Depois desse conflito, os atenienses tiveram um período de supremacia na Grécia. Essa cidade viveu grande desenvolvimento cultural e econômico, sobretudo pelo seu papel de líder da Liga de Delos. O crescimento da influência ateniense incomodava Esparta, e então uma guerra entre as duas cidades iniciou-se em 431 a.C. Essa foi a Guerra do Peloponeso, que aconteceu em três fases, entre 431 a.C. e 404 a.C.

Os espartanos venceram essa guerra e colocaram-se como a grande força na Grécia. O domínio espartano não agradava a todos, e, em 371 a.C., a cidade de Tebas conseguiu derrotá-los, tornando-se a principal. No entanto, essa sucessão de guerras enfraqueceu a Grécia e tornou-a suscetível a invasões.Em 336 a.C., Alexandre da Macedônia foi corado rei. Ele foi o responsável por expandir seu império pelo Oriente, derrotando os persas.

Em 338 a.C., Filipe II da Macedônia, rei dos macedônicos, liderou as tropas de seu povo e conquistou a Grécia. Dois anos depois, seu filho, Alexandre, tornou-se rei e expandiu os domínios macedônicos pelo Oriente, derrotando os persas. Como os macedônicos eram um povo helenizado, a cultura grega foi difundida por essa região. Depois da morte de Alexandre, o império macedônico enfraqueceu-se, e, séculos depois, os romanos conquistaram a Grécia.

Por Daniel Neves Silva em História do Mundo