O TRATADO DE PETROPÓLIS: BRASIL X BOLÍVIA

História – Brasil

BRASIL

O tratado de Petrópolis
TRATADO

Rio-Branco estabeleceu dois frontes para evitar o choque militar com a Bolívia. Num deles arregimentou o apoio da Casa Rothschild, de Londres, instituição financeira de históricas ligações com o Brasil, para que os banqueiros intermediassem um acordo com o Bolivian Syndicate de Nova York. Operação bem-sucedida, pois os norte-americanos aceitaram uma compensação de 110 mil libras esterlinas para desistir do negócio, o que enfraqueceu o lado do governo de La Paz.
O outro, foi mostrar à Bolívia que o Brasil estaria mesmo disposto a ir a guerra na defesa do povo extrativista do Acre, visto que a opinião pública não aceitaria que o governo do Rio de Janeiro cruzasse os braços caso soubesse que os seringueiros fossem expulsos pelas armas daquela área. Um admirador exaltado da posição tomada pelo barão escreveu na imprensa: “Temos um Homem no Itamaraty.”

Para dar prova de seriedade, como demonstração de força, ordenou-se a mobilização de tropas federais em Mato Grosso e no Amazonas para que se deslocassem para o território do Acre. Assim, com essa articulada combinação de diplomacia e do uso do argumento militar, só restou ao governo da Bolívia retroceder. Aceitou um acordo provisório, assinado em março de 1903, e decidiu por comparecer à mesa de negociação. O local acertado foi Petrópolis no estado do Rio de Janeiro, honorável cidade imperial onde se encontravam as delegações estrangeiras no Brasil.

O principio sustentado pelo Brasil na sua demanda para com a Bolívia foi o mesmo utilizado pelos portugueses nos tempos dos tratados de 1750 e 1777, assinados então entre o Reino de Portugal e o Reino da Espanha para acertarem suas diferenças fronteiriças na América Ibérica: o do uti possidetis solis. Quer dizer, tem direito ao território quem o possui, quem tomasse a terra contestada era o seu dono de fato. Pelo lado brasileiro atuaram Ruy Barbosa e depois o gaúcho Assis Brasil, que o substituiu, enquanto que representando a Bolívia encontrava-se o senador Fernando Guachalla e o ministro Cláudio Pinilla. No primeiro dos seus dez artigos fixou-se: “Do Rio Beni na sua confluência com o Mamoré (onde começa o Rio Madeira), para o oeste seguirá a fronteira por uma paralela tirada da sua margem esquerda, na latitude 10º20’, até encontrar as nascentes do Rio Javari”.

O acerto final

Os negociadores do tratado, com Rio-Branco ao centro
Acordou-se então que o Brasil indenizaria a Bolívia com 2 milhões de libras esterlinas em troca de um território que incorporaria não somente o Acre inferior (142.000 km²), como o Acre superior (48.000 km²), rico em florestas e reservas de seringais. O Brasil, por igual, comprometeu-se a entregar em permuta certas áreas da fronteira do Mato Grosso que, no total, perfaziam 3.164 km, bem como dar início a construção da estrada-de-ferro Madeira-Mamoré, numa extensão de 400 km, para permitir uma saída da Bolívia para o oceano Atlântico (promessa feita a primeira vez em 1867).

As negociações, entre os legatários bolivianos e os brasileiros, iniciadas em julho de 1903, enceraram-se quatros meses depois com a assinatura solene do Tratado de Petrópolis no dia 17 de novembro de 1903. Consagrou-se como uma das maiores vitórias diplomáticas do Brasil visto que conseguiu incorporar ao território nacional, sem deflagrar guerra, uma extensão de terra de quase 200.000 km², que foi entregue a 60 mil seringueiros e suas famílias para que lá pudessem exercer as funções extrativas da borracha.

E, fundamentalmente, evitou-se um conflito bélico com a Bolívia, um país pobre e isolado do mundo. Guerra que, se travada, traria uma mancha indelével para a imagem do Brasil, pois iria aparecer no cenário mundial como um valentão prepotente tirando proveito dos mais fracos. O barão do Rio-Branco, por sua parte, foi homenageado pelo povo acreano com a fundação da Vila de Rio-Branco, atual capital do estado do Acre.

Referências bibliográficas

Calmon, Pedro – História do Brasil: a República, volume V, São Paulo, Editora nacional, 1956.

Costa, Craveiro – A conquista do deserto ocidental, São Paulo, Editora Nacional, 1940.

Cunha, Euclides – Um paraíso perdido: reunião de ensaios Amazônicos, Petrópolis, RJ, Editora Vozes, 1976.

Lins, Álvaro – Rio-Branco, São Paulo, Editora Nacional, 1965

Viana, Hélio – História das fronteiras do Brasil, Rio de Janeiro, Edição da Biblioteca Militar, 1948.

LEIA O TRATADO AQUI.
IMAGENS DO TRATADO DE PETROPÓLIS

4 comentários em “O TRATADO DE PETROPÓLIS: BRASIL X BOLÍVIA”

  1. Trata-se de excente explicação sobre a questão acreana. Muitoa brasileiros desconhecem essa Hitória. Estou fazendo um trabalho sobre a questão acreana, principalmente focado na figura do espanhol Luiz Galvez Rodrigues de Arias, principal fomentador, na minha opinião, da questão acreana que resultou no Tratado referido. Seria muito impórtante que MRE colocasse esse assunto para que todos os brasileiros pudessem tomar conhecimento. Gostaria de receber informação sobre Galvez, pois a historiografia indica que foi um diplomata, porém, não há informação segura sobre isso. O nome galvez (ele assinava Luis Galves) eu tenho documentos originais com sua assinatura: e seu nome por extenso, colocado nos documento é Luis Galves Rodrigues de Arias. Ao final ele sempre colocava “Saúde e Fraternidade”, saudação muito antiga e que também era usada pelos maçons. A Bandeira do Acre, criada por Galvez, confecionada com desenho de dois triângulos retângulos e no canto superior uma estrela vermelha de cinco pontas. Todos esses são símbolos maçonicos. Provavelmente, Galvez fosse um maçon.
    Obrigado!

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  2. O tratado de petropolis foi um acordo que o brasl fez com a bolivia e o brasil saiu ganhado com isso porque a estrada esta parada ate hoje ….

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