IGREJA E HOMOSSEXUALIDADE NO BRASIL – 1547-2006

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IGREJA E HOMOSSEXUALIDADE NO BRASIL:
CRONOLOGIA TEMÁTICA, 1547-2006

(II Congresso Internacional sobre Epistemologia, Sexualidade e Violencia,
São Leopoldo, RS, EST, 16-16/8/2006)
Luiz Mott,
Antropólogo, ex-Dominicano,
Universidade Federal da Bahia e Grupo Gay da Bahia

O objetivo deste trabalho é revelar, de forma sistemática e tematisada, quase duas centenas de fatos e momentos, do século XVI à atualidade, que marcam a posição, primeiramente da Igreja Católica, em seguida das demais denominações religiosas, face à questão homossexual no Brasil. Analisamos igualmente o outro lado da medalha: os episódios relativos à luta dos próprios homossexuais e seus aliados, no resgate de sua cidadania plena, inclusive o direito ao reconhecimento de sua dignidade enquanto homo-religiosus desejosos de participar e ser respeitados nas comunidades eclesiais.
Para tanto, baseamo-nos em variegadas fontes de informação, resultado de três décadas de pesquisas etno-históricas sobre a homossexualidade no Brasil, incluindo manuscritos coletados em diversos arquivos, notadamente na Torre do Tombo de Lisboa,notícias divulgadas na mídia, livros e monografias – material disponível no Arquivo do Grupo Gay da Bahia e no arquivo pessoal do autor. [1]
Tratando-se de um primeiro ensaio cronológico-temático sobre a relação entre Igreja e Homossexualidade no Brasil, somos quem primeiro reconhece as limitações, lacunas e eventuais incorreções deste trabalho, que esperamos sirva de pista para novas investigações idiográficas e nomotéticas mais profundas e abrangentes.
Numa tentativa inicial de organizar tais informações, tivemos por bem agrupá-las em catorze entradas, facilitando assim a melhor compreensão e debate sobre o binômio religião e homossexualidade no Brasil, a saber:

1. Reconhecimento da existência da homossexualidade no Brasil
2. O “vício dos clérigos”
3. Padres homossexuais assassinados
4. Homofobia cristã
5. Moralismo homofóbico
6. Protestantismo
7. Judaísmo
8. Espiritismo
9. Candomblé
10. Ativismo contra a homofobia religiosa
11. Obras simpatizantes
12. Obras fundamentalistas
13. Benevolência e aggiornamento cristão
14. Igrejas pró-homo
1. Reconhecimento da existência da homossexualidade no Brasil

Desde a chegada dos primeiros missionários ao Brasil, já nos meados do século XVI, noticiaram ministros católicos e protestantes a presença do “mau pecado” entre os ameríndios de ambos os sexos, sendo que alguns sacerdotes fizeram vista grossa de tal desvio, apesar de ser referido pelos documentos papais como “o mais torpe, sujo e desonesto pecado, o mais aborrecido a Deus. ”

1549: O Padre Manoel da Nóbrega relata que “os índios do Brasil cometem pecados que clamam aos céus e andam os filhos dos cristãos pelo sertão perdidos entre os gentios, e sendo cristão vivem em seus bestiais costumes”

1551: O jesuíta Pero Correia escreve de São Vicente (SP): “O pecado contra a natureza, que dizem ser lá em África muito comum, o mesmo é nesta terra do Brasil, de maneira que há cá muitas mulheres que assim nas armas como em todas as outras coisas, seguem oficio de homens e tem outras mulheres com que são casadas. A maior injúria que lhes podem fazer é chamá-las mulheres.”

1557: O calvinista Jean de Lery refere-se à presença de índios “tibira” entre os Tupinambá, “praticantes do pecado nefando de sodomia”

1621: no Vocabulário da Língua Brasílica, dos Jesuítas, aparece pela primeira vez referência a “çacoaimbeguira: “entre os Tupinambá, mulher macho que se casa com outras mulheres”

1642: O Vigário Geral no Bispado de Pernambuco desviou das mãos do Escrivão do Crime um sumário de culpas contra dois criminosos no nefando, em troca de 300$000

1795: Dois Comissários do Santo Ofício de Minas Gerais, ao serem consultados pelo promotor da Inquisição de Lisboa a respeito de um tal Capitão Manuel José Correia, acusado de ser sodomita “público e escandaloso”, os referidos sacerdotes contentam-se em referi-lo como “tendo o gênio de mulher e muito extravagante, não obstante, suas ações de católico serem edificantes, tendo feito várias festas nesta matriz de S. José com todo o zelo ao culto divino, além de ter em sua casa um santuário que é o melhor que existe em toda a comarca, e por ter fama de impotente, e nunca se lhe soube (ter tido) praça alguma com mulheres, dizem que costumava convidar homens para uns com outros, na ação de (se) esquentarem, chegar o delato a ter polução…”

PARA LER O ARTIGO COMPLETO, CLIQUE AQUI.

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